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AIDS
Simpósio de SP diz que jovens estão se recusando a tomar remédios contra HIV
Adolescente abandona coquetel
AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma nova ameaça está rondando os adolescentes que vivem
com Aids e HIV: a dificuldade de
aceitar a doença e de continuar
tomando o coquetel de medicamentos que em muitos casos chega a 20 comprimidos por dia.
Muitos pegaram o vírus quando
nasceram. Formam hoje uma geração de sobreviventes que surpreendeu o mundo. Se interromperem o tratamento, estarão sujeitos a doenças oportunistas e
poderão morrer.
"Com a adolescência, eles tomam consciência de seus limites.
Sabem que não terão filhos, que
não beberão com os amigos, que
serão discriminados, e sofrem
com o medo de serem abandonados pelos colegas e pela namorada", diz Ana Maria Barrica, psicóloga do Hospital Emílio Ribas.
Priscila (o nome é fictício) pegou o vírus com dois meses, numa transfusão de sangue. Hoje
tem 18 anos e há meses parou de
tomar os remédios. "Ele só diz
que quer viver como uma pessoa
normal", diz a mãe, Yasmin, 48.
Priscila procura um emprego e
quer fazer faculdade. "Até agora,
ela está muito bem. Mas até quando só Deus sabe", diz a mãe
O tema vem sendo debatido no
7º Encontro Nacional e no 5º Simpósio Internacional de Aids Pediátrico, que acontece em São
Paulo. "Ainda estamos aprendendo a lidar com esse desafio", diz a
médica Marinella Della Negra,
que preside os congressos e cujo
serviço, no Emílio Ribas, já atendeu mais de 1.300 crianças.
Segundo a Coordenação Nacional de Aids, existem hoje 5.597
adolescentes entre 13 e 19 anos
acompanhados nos serviços.
No Emílio Ribas, cerca de 120
adolescentes vêm sendo tratados.
Pelo menos um terço já parou a
medicação por algum período.
A Coordenação Nacional de
Aids realizou quatro encontros
sobre o tema. A maioria dos profissionais ouvidos disse não estar
preparado para responder às perguntas dos adolescentes.
Ontem, especialistas presentes
no congresso, com a participação
da Organização Mundial da Saúde, iniciaram a redação de texto
sobre o consenso mundial para o
tratamento de crianças com HIV.
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