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RETRATO DO BRASIL
No Rio, 25% têm emprego pior que o dos pais
SABRINA PETRY
DA SUCURSAL DO RIO
No Rio de Janeiro, os filhos não
estão conseguindo superar os
pais profissionalmente. Essa é
uma das conclusões do estudo
Tendências da Mobilidade Social
no Rio de Janeiro, que revela um
Estado com a maior taxa de "mobilidade descendente" do Brasil.
De acordo com o estudo da professora Valéria Pero, do Instituto
de Economia da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro),
essa queda na escala social entre
as gerações mais próximas não
acontece nos Estados mais desenvolvidos das regiões Sul e Sudeste
nem nas regiões mais pobres, como o Norte e o Nordeste.
No Rio de Janeiro, a taxa de mobilidade descendente registrada
em 1996 é de 25,3%, muito acima
da média nacional, de 14,7%. Ou
seja, mais de um quarto da população fluminense exerce algum tipo de atividade "inferior" à de
seus pais. Em São Paulo, o percentual é bem menor: 15,5%.
Apesar de deter a segunda
maior taxa de mobilidade descendente, o Rio Grande do Sul (18%)
ainda está bem atrás do Rio de Janeiro. Um dos Estados mais pobres do país, o Maranhão, tem a
menor porcentagem: 6,4%.
O mais preocupante, segundo a
pesquisadora da UFRJ, é que o fenômeno tem aumentado ao longo dos últimos 20 anos no Estado,
enquanto nas outras unidades da
Federação e na média do Brasil o
movimento foi inverso.
De acordo com o estudo, o Rio
de Janeiro é o Estado que teve o
maior crescimento da taxa ao longo de 20 anos, entre 1976 e 1996
-período avaliado pela pesquisa.
Enquanto a variação nacional
foi de 27,9%, a fluminense ficou
em 39,9%. Isso significa que, no
Rio de Janeiro, em 1976, 18 em cada 100 pessoas "pioraram" profissionalmente em relação aos pais.
Vinte anos depois, esse grupo aumentou para 25 em cada 100.
Outra verificação da pesquisa é
que, Quando há o crescimento social, ele acontece em uma pequena escala. "Isso explica o fato de
que no Estado, em 1996, só 20%
dos filhos estavam na mesma escala social de seus pais. Entre os
que conseguiram superá-los, 80%
estavam, no máximo, três estratos
acima dele", diz Valéria Pero.
O Rio também sofreu uma queda no movimento inverso, o da
mobilidade ascendente, que caiu
de 61,7% para 54% nos 20 anos de
intervalo do estudo.
O Rio de Janeiro caminhou no
sentido inverso do restante do
Brasil, sendo o único Estado a registar uma diminuição desse indicador. A média do país cresceu de
46,9% para 55,6%.
Fatores
Na opinião da economista, uma
das explicações para a piora desses índices é a perda do dinamismo econômico do Estado ao longo dos últimos anos, mesmo período em que São Paulo concentrou um processo crescente de industrialização.
"A transferência da capital do
país para Brasília também contribuiu de forma negativa, pois esvaziou em grande parte o funcionalismo público, até então uma das
principais vias de ascensão social
no Estado", explica a professora.
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