São Paulo, domingo, 14 de abril de 2002

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Na BA, cidades despejam resíduos em vala comum

LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR

Na Bahia, o lixo hospitalar não tem destinação nem tratamento adequado em oito das dez cidades da região metropolitana de Salvador, segundo um levantamento realizado pelo IBGE.
As autoridades sanitárias do Estado não precisam ir muito longe para comprovar as informações do órgão. Em meio a animais e urubus, o único "lixão" de Candeias (46 km de Salvador) abriga os resíduos hospitalares de mais duas cidades (Madre de Deus e São Francisco do Conde) em uma vala comum.
Sem nenhum tipo de impermeabilização, medida que evitaria a contaminação do lençol freático, o lixo hospitalar -remédios vencidos, luvas usadas, gases, ataduras, tesouras, ampolas, fraldas e seringas descartáveis- é jogado na vala todos os dias por dois funcionários do Serviço de Vigilância Sanitária de Madre de Deus.
"As valas somente são cobertas com terra depois que o buraco está cheio", disse o catador de lixo Igor Vaz de Brito, 14. "Já vi pessoas remexendo o lixo para encontrar remédios para os filhos", disse Brito, que é analfabeto.
Em Candeias, não existe separação entre os resíduos hospitalares e o lixo residencial. "Até que os funcionários da prefeitura cubram as valas, fica tudo perto da gente", disse Gabriel de Souza, 26, outro catador que se arrisca todos os dias na garimpagem do lixo.
Na última sexta-feira, duas valas -ambas separadas por menos de 400 metros- estavam abertas no "lixão" de Madre de Deus.
"O governo estadual já está desenvolvendo um projeto para dar um tratamento adequado à coleta dos resíduos hospitalares", disse a coordenadora do Serviço de Vigilância Sanitária de Madre de Deus, Maria Antonia B. de Jesus.
Segundo a coordenadora, o "lixão" abriga os resíduos hospitalares de mais de 50 unidades de saúde, públicas e particulares, de Madre de Deus, de Candeias e de São Francisco do Conde.
O secretário de Serviços Públicos de Candeias, Valdemiro Caldeira, disse que não existe um incinerador na região. "Enquanto não houver um incinerador, vamos fazer valas específicas para o lixo hospitalar", afirmou.

Salvador
Em Salvador, a Limpurb (Empresa de Limpeza Urbana) tem caminhões específicos para efetuar a coleta hospitalar. Os resíduos são depositados diariamente em um local específico.
Segundo a Limpurb, esse lixo é colocado em vala forrada com argila e coberta com um manto de polietileno de alta densidade, para evitar infiltrações e contaminação do lençol freático. Os resíduos são cobertos com terra logo que os caminhões são descarregados.



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