|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Policiais não trocam informações
DA REPORTAGEM LOCAL
A força-tarefa montada para investigar a morte do juiz-corregedor de Presidente Prudente, Antonio José Machado Dias, "bateu
cabeça" no caminho para chegar
ao mandante do crime.
Enquanto o DHPP seguia as pistas do carro abandonado pelos assassinos na noite do crime, o Deic,
o próprio departamento de homicídios, a Polícia Militar e policiais
civis de Presidente Prudente procuravam, de forma desordenada,
provas contra presos do PCC.
Logo na primeira semana de investigação, a Polícia Militar "desapareceu" por uma tarde com o
instalador de telefones Cristian
Ângelo para interrogá-lo em uma
investigação paralela.
Acontece que ele estava sendo
ouvido e monitorado pelo DHPP
e Deic, que desconfiavam da versão dele sobre o roubo do Uno
usado na emboscada.
Por determinação da Delegacia
Geral, o DHPP ficou de investigar
os executores do plano, enquanto
o Deic buscava os mandantes,
conjuntamente. Na prática, policiais ouvidos pela Folha disseram
que não houve troca de informações até o vazamento do conflito
interno para a imprensa.
Sem aviso
Em 26 de março, por exemplo, a
polícia de Presidente Prudente,
que atuava com o DHPP, tirou o
preso André Batista da Silva, o
Andrezão, da Penitenciária do Estado, em São Paulo, mas sem avisar o Deic. Resultado: acabaram
com uma escuta telefônica, pois o
preso, integrante do PCC, vinha
mantendo contatos por celular
com pessoas que estariam próximas do mandante.
Menos de uma semana depois, a
polícia de Presidente Prudente
prendeu JMAA, mulher do preso Júlio
César Guedes de Moraes, o Julinho Carambola, integrante da cúpula do PCC. Sem provas contra
ela, a Justiça mandou soltá-la.
O problema é que a prisão, segundo apurou a Folha, alertou
outras pessoas que o Deic vinha
monitorando e se preparava para
prendê-las. Seriam mensageiros e
articuladores do PCC. Um advogado da facção que seria detido
está desaparecido desde então.
Por fim, policiais de Presidente
Prudente e do DHPP prenderam
Aurinete Félix da Silva, a Netinha,
no início deste mês, em Aracaju
(SE). Ela estava sendo procurada
desde o final do ano passado, acusada de envolvimento na morte
da advogada Ana Maria Olivatto
Herbas Camacho, mulher de
Marcola. Silva, casada com César
Augusto Roris da Silva, ex-líder
do PCC, estava jurada de morte
pela facção criminosa.
O Deic, porém, responsável pelo inquérito em que Netinha é
procurada, só ficou sabendo da
prisão depois de ela ocorrer.
Desarmonia
Nas últimas entrevistas que deram sobre o caso, os diretores do
DHPP e Deic, Domingos Paulo
Neto e Godofredo Bittencourt,
afirmaram que os departamentos
trabalham de forma "harmoniosa". Ambos negaram a existência
de conflitos entre os setores.
Texto Anterior: Violência: Motivo da morte de juiz segue desconhecido Próximo Texto: Polícia não tem prova contra PCC Índice
|