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São Paulo, segunda-feira, 14 de abril de 2003

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Polícia não tem prova contra PCC

FREE-LANCE PARA A AGÊNCIA FOLHA,

EM PRESIDENTE PRUDENTE
DA REPORTAGEM LOCAL

A delegada titular da DIG (Delegacia de Investigações Gerais) de Presidente Prudente (SP), Ieda Filgueiras, afirmou na semana passada que "ainda não há nada que comprove a participação do assaltante Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, um dos líderes do PCC (Primeiro Comando da Capital), no assassinato do juiz-corregedor da cidade, Antonio José Machado Dias.
"Nós não temos nenhuma prova da participação dele. Só quando a gente pegar os autores [do crime" é que eles vão dizer ou não", declarou a delegada, que integrou a força-tarefa montada para investigar o crime.
Marcola, acusado de ser hoje o principal líder do PCC, teve o nome envolvido no caso depois da apreensão de um bilhete na Penitenciária 1 de Avaré três dias depois do assassinato e que fazia referência à morte do juiz. Para a polícia, é "apenas um indício", não prova. O próprio detento negou ter ligação com o homicídio, por meio de uma nota divulgada pela sua advogada.
A mensagem interceptada na penitenciária dizia: "Se realmente foi isso, hoje virá algum salve para você. A caminhada é a seguinte: o Machado foi nesta. Passou em todo o jornal lá da cidade e de São Paulo. Esse salve veio hoje pelo pessoal. Foi a Fia que passou. Acredito eu que é a caminhada do câncer, pois a operação que faltava foi marcada e o paciente operado. Ela pediu para dizer que tinham matado o Machado".
Rosângela Aparecida Lendramandi, a Fia, que teria enviado o bilhete por meio de outro preso de Avaré, foi detida em seguida pelo Deic (Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado), sob a acusação de atuar como mensageira para os líderes do PCC.

Rigidez
Uma das hipóteses analisadas pelo Deic e pelo Ministério Público é a de que o juiz-corregedor teria morrido em um atentado planejado pelo PCC como forma de protesto contra a rigidez do CRP de Presidente Bernardes e contra as duas mortes de detentos, oficialmente por suicídio, que ocorreram lá. A facção o teria escolhido por sua postura.
Marcola foi transferido, há duas semanas, de Avaré para o CRP de Presidente Bernardes, onde estão outros líderes da facção.
Na semana passada, a DIG enviou ao DHPP o inquérito da morte do magistrado, ainda sem prazo para ser enviado para o Ministério Público. A investigação tem cinco volumes e cerca de mil páginas. O caso ficará centralizado nesse departamento.
(CRISTIANO MACHADO e ALESSANDRO SILVA)


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