São Paulo, quarta-feira, 14 de abril de 2004

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De 1992 a 2002, mortalidade infantil caiu de 42,6 para 27,8, mas redução foi menor nos primeiros dias de vida

50% dos bebês morrem com até seis dias

ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO

O padrão da mortalidade infantil (mortos antes de completar 1 ano de idade) no Brasil mudou de 1992 para 2002, segundo a Síntese dos Indicadores Sociais divulgada ontem pelo IBGE.
Em 1992, essas mortes estavam concentradas no período entre 28 e 364 dias de idade, que é chamado de pós-natal. Em 2002, passaram a ficar mais concentradas nos seis primeiros dias de nascimento do bebê, período conhecido como neonatal precoce.
Celso Simões, técnico da Coordenação de Indicadores Sociais do IBGE, explica que a principal diferença entre a morte nos seis primeiros dias e a pós-natal é que esta costuma ter causas externas (acidentes, subnutrição ou saneamento inadequado), enquanto a primeira é, na maioria das vezes, causada por complicações relacionadas à gravidez e ao parto.
Em 1992, 49,3% das mortes de bebês aconteciam no período pós-natal. Em 2002, essa porcentagem caiu para 34,5%. As mortes nos seis primeiros dias, 39,4% do total em 1992, passaram a representar 50% em 2002.
A queda na taxa de mortalidade infantil (bebês mortos por 1.000 nascidos vivos) no período foi de 42,6 para 27,8. Essa redução, de 35%, foi maior no período pós-natal. A taxa de mortalidade infantil no período de 28 a 364 dias de idade caiu de 21 para 9,6, uma redução de 54,3%. No seis primeiros dias de vida, a redução na taxa foi de 17,3% -de 16,8 para 13,9.

Pastoral da Criança
A Pastoral da Criança defende a criação de "casas da gestante", que abriguem as mulheres nos dias próximos do parto, para reduzir o risco de morte nos primeiros dias de vida do bebê. Três dessas casas já foram viabilizadas pela pastoral no país em locais em que há dificuldades para acesso aos serviços de saúde.
"A mãe não tem como chegar. E quando chega, está exausta", afirma Zilda Arns Neumann, fundadora e coordenadora nacional da pastoral. Segundo ela, nas casas as mães recebem alimentação adequada e ficam próximas dos serviços de saúde.
Com base nas mudanças nos padrões de mortalidade e de fecundidade, o IBGE estima que a população brasileira será de 237,7 milhões em 2030. Comparando com 2002, quando a população era de 171,7 milhões, esse aumento será de 38,5%.
O grupo populacional que mais crescerá será o dos que têm mais de 60 anos. Em 2002, eles eram 16 milhões -9,3% do total. Em 2030, chegarão a 40,5 milhões (um crescimento de 152,4%) e serão 17% da população.
O menor crescimento será verificado na população com menos de 30 anos. Em 2002, 95,2 milhões de brasileiros nessa faixa etária representavam 55,4% da população. Em 2030, o IBGE estima um crescimento de apenas 9% nesse grupo, que passará a ter 103,7 milhões de pessoas e representará 43,6% da população.
O IBGE divulgou indicadores para acompanhar o cumprimento das metas que o Brasil adotou, com outros 188 países, na Cúpula do Milênio da ONU (Organização das Nações Unidas), que aconteceu em 2000 em Nova York. Na cúpula, foram estabelecidas oito grandes metas para 2015.
Para Ana Lúcia Sabóia, coordenadora-geral da Diretoria de Pesquisas do IBGE, o país terá que se esforçar mais para cumprir metas como a que prevê que todas as crianças tenham terminado um ciclo básico da educação em 2015.
Um dos indicadores destacados pelo IBGE para avaliar o cumprimento desta meta é a proporção de crianças de 11 anos que concluíram a 4ª série do ensino fundamental. Em 2002, só 51,1% delas já haviam completado quatro anos de estudo.


Colaborou a REPORTAGEM LOCAL


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