|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
De 1992 a 2002, mortalidade infantil caiu de 42,6 para 27,8, mas redução foi menor nos primeiros dias de vida
50% dos bebês morrem com até seis dias
ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO
O padrão da mortalidade infantil (mortos antes de completar 1
ano de idade) no Brasil mudou de
1992 para 2002, segundo a Síntese
dos Indicadores Sociais divulgada
ontem pelo IBGE.
Em 1992, essas mortes estavam
concentradas no período entre 28
e 364 dias de idade, que é chamado de pós-natal. Em 2002, passaram a ficar mais concentradas nos
seis primeiros dias de nascimento
do bebê, período conhecido como
neonatal precoce.
Celso Simões, técnico da Coordenação de Indicadores Sociais
do IBGE, explica que a principal
diferença entre a morte nos seis
primeiros dias e a pós-natal é que
esta costuma ter causas externas
(acidentes, subnutrição ou saneamento inadequado), enquanto a
primeira é, na maioria das vezes,
causada por complicações relacionadas à gravidez e ao parto.
Em 1992, 49,3% das mortes de
bebês aconteciam no período
pós-natal. Em 2002, essa porcentagem caiu para 34,5%. As mortes
nos seis primeiros dias, 39,4% do
total em 1992, passaram a representar 50% em 2002.
A queda na taxa de mortalidade
infantil (bebês mortos por 1.000
nascidos vivos) no período foi de
42,6 para 27,8. Essa redução, de
35%, foi maior no período pós-natal. A taxa de mortalidade infantil no período de 28 a 364 dias
de idade caiu de 21 para 9,6, uma
redução de 54,3%. No seis primeiros dias de vida, a redução na taxa
foi de 17,3% -de 16,8 para 13,9.
Pastoral da Criança
A Pastoral da Criança defende a
criação de "casas da gestante",
que abriguem as mulheres nos
dias próximos do parto, para reduzir o risco de morte nos primeiros dias de vida do bebê. Três dessas casas já foram viabilizadas pela pastoral no país em locais em
que há dificuldades para acesso
aos serviços de saúde.
"A mãe não tem como chegar. E
quando chega, está exausta", afirma Zilda Arns Neumann, fundadora e coordenadora nacional da
pastoral. Segundo ela, nas casas as
mães recebem alimentação adequada e ficam próximas dos serviços de saúde.
Com base nas mudanças nos
padrões de mortalidade e de fecundidade, o IBGE estima que a
população brasileira será de 237,7
milhões em 2030. Comparando
com 2002, quando a população
era de 171,7 milhões, esse aumento será de 38,5%.
O grupo populacional que mais
crescerá será o dos que têm mais
de 60 anos. Em 2002, eles eram 16
milhões -9,3% do total. Em
2030, chegarão a 40,5 milhões
(um crescimento de 152,4%) e serão 17% da população.
O menor crescimento será verificado na população com menos
de 30 anos. Em 2002, 95,2 milhões
de brasileiros nessa faixa etária representavam 55,4% da população. Em 2030, o IBGE estima um
crescimento de apenas 9% nesse
grupo, que passará a ter 103,7 milhões de pessoas e representará
43,6% da população.
O IBGE divulgou indicadores
para acompanhar o cumprimento das metas que o Brasil adotou,
com outros 188 países, na Cúpula
do Milênio da ONU (Organização
das Nações Unidas), que aconteceu em 2000 em Nova York. Na
cúpula, foram estabelecidas oito
grandes metas para 2015.
Para Ana Lúcia Sabóia, coordenadora-geral da Diretoria de Pesquisas do IBGE, o país terá que se
esforçar mais para cumprir metas
como a que prevê que todas as
crianças tenham terminado um
ciclo básico da educação em 2015.
Um dos indicadores destacados
pelo IBGE para avaliar o cumprimento desta meta é a proporção
de crianças de 11 anos que concluíram a 4ª série do ensino fundamental. Em 2002, só 51,1% delas já haviam completado quatro
anos de estudo.
Colaborou a REPORTAGEM LOCAL
Texto Anterior: Sistema de ciclos reduziu atraso escolar em São Paulo em dez anos Próximo Texto: Proporção de grávidas jovens cresce no país Índice
|