São Paulo, quarta, 14 de maio de 1997.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CASO DANIELLA PEREZ 3
Pais acreditam que a filha é inocente, mas afirmam que podem ter falhado na educação dela
Não sei onde erramos, diz mãe de Paula

Patricia Santos/Folha Imagem
O pai e a mãe de Paula Thomaz, Paulo e Maria Aparecida, chegam à prisão (Niterói, município do Rio) para visitar a filha


CRISTINA RIGITANO
do NP

Apesar de dizer que Paula Thomaz é inocente, a dona-de-casa Maria Aparecida de Almeida afirma que ela e o marido, Paulo de Almeida, podem ter falhado na educação da única filha.
"Não sei onde foi que erramos. Fizemos tudo o que estava ao nosso alcance, tudo que era bom, colégio particular, boa educação, primeira comunhão... Fiz tudo para dar certo. Às vezes me pergunto onde foi que eu errei. Não sei."
Os pais de Paula acham que a filha será absolvida no julgamento pela morte da atriz Daniella Perez. Paula é acusada de ter participado do assassinato, em 92.
"Não tenho dúvidas de que minha filha é inocente. Foi uma nuvem negra que passou na minha vida. Ela estava no shopping, mas as pessoas que poderiam testemunhar sumiram", disse o pai.
Os pais visitaram a filha ontem à tarde na Polinter de Niterói (RJ), onde ela está presa. Levaram frutas e chá mate. Eles disseram que ela está tensa e pediu para que eles não assistissem ao julgamento.
"Ela está muito nervosa. Não comeu nada. Está mais magra. Está preocupada com os pais. Perguntou pelo filho e pediu para eu não ir, se não estivesse bem. Mas estou bem e irei", disse Paulo.
Eles dizem que começaram a ter problemas de saúde, depois que Paula foi envolvida no crime.
"Peço a Deus que me livre de tanto sofrimento. Eu e o pai dela passamos a ter pressão alta, vivemos à base de tranquilizantes", disse a mãe. "Nossa vida virou um inferno", disse o pai.
Ele achou justo o indeferimento do pedido, feito pela promotoria, de testemunho de dois policiais que afirmaram ter ouvido uma confissão informal de Paula Thomaz. "Isso vai beneficiar a Paula. O juiz sabe o que faz. Foi justo", disse Paulo.
Ele não soube dizer se a condenação de Guilherme de Pádua beneficiará Paula, mas afirmou que não tem nada contra o ex-genro.
"Existe um elo muito forte entre eles, que é o filho (Felipe). Se eles vão voltar, só os dois podem responder. Mas nunca houve acordo entre eles para se livrarem da prisão. Como pai, aprendi a não guardar mágoa. Pelo contrário, rezo pelos dois toda a noite", disse.
Os pais de Paula dizem que a filha mudou na prisão. "Ela conheceu o lado negro da vida, que nós nunca pensamos que existia. Ficou mais forte. Depois de ter passado por isso, ela suportará tudo."
Ele elogiou Paula por ter completado o 2º Grau na prisão e passado no vestibular para direito. Como foi proibida pela Justiça de cursar a faculdade, vai prestar vestibular de novo, só que para veterinária.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright 1997 Empresa Folha da Manhã