São Paulo, segunda-feira, 14 de maio de 2001

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FRIO

Mesmo com reajuste previsto de 7%, entidades ainda terão de usar recurso próprio para cobrir custos

Verba repassada é insuficiente

DA REPORTAGEM LOCAL

Congelados há quatro anos, os valores "per capita" pagos às entidades filantrópicas que administram os albergues devem ser corrigidos em 7% neste ano. Ainda assim não vão cobrir os custos de atendimento ao albergado.
Cada albergue da cidade é obrigado a oferecer pelo menos banho quente, uma troca de roupa, jantar e café da manhã.
A tabela, segundo a Secretaria da Assistência Social, varia de R$ 120 a R$ 170 mensais por vaga no albergue. O valor não é igual para todos porque depende da estrutura e dos serviços que o estabelecimento oferece. Com o reajuste, o "per capita" vai variar de R$ 128,40 a R$ 181,90.
"Ainda é insuficiente. Não cobre nossos gastos nem recupera o acumulado dos quatro anos sem correção", disse Sérgio Ribeiro, coordenador do albergue Lygia Jardim, o único que falou sobre o assunto com a Folha -os outros coordenadores consultados evitaram comentar o reajuste.
Como a verba repassada não é suficiente, as entidades mantenedoras, a maioria ligada a igrejas, cobrem o déficit entre o custo do albergue e o repasse municipal. É o caso do Lygia Jardim.
O secretário da Assistência Social, Evilásio Farias, reconhece que o valor não é satisfatório, mas diz que não tem verba e que sofre a mesma pressão das creches conveniadas. O orçamento para moradores de rua em 2001 é de R$ 8,8 milhões. A secretaria precisa de suplementação de R$ 1,35 milhão e negocia acordo com parceiros.
A verba seria distribuída da seguinte forma: R$ 162 mil para o abrigo de mulheres, R$ 180 mil para o abrigo provisório de inverno com 250 vagas, R$ 144 mil para a casa de cuidados médicos e R$ 180 mil para cinco moradias provisórias. A entrega das obras está prevista para julho.
O restante da verba seria usado em capacitação profissional de cem sem-teto (R$ 144 mil) e para as cooperativas de catadores de papel (R$ 540 mil).
Para contornar o orçamento curto, Farias quer incluir as famílias de crianças em situação de rua no programa Renda Mínima. Ele está negociando com o secretário Márcio Pochmann (Trabalho).
Outra proposta é exigir que as empresas que prestam serviço à secretaria contratem moradores de rua capacitados pela prefeitura. A expectativa é de contratar 400 sem-teto, recebendo um salário mínimo. (EM)


Texto Anterior: Frio: Prefeitura faz "operação aperto" em abrigos
Próximo Texto: Panorâmica - Administração: SP e Buenos Aires terão projetos comuns nas áreas de educação e turismo
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.