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CONSUMO
CAPITALIZAÇÃO
Propaganda veiculada pela Sul América induz cliente a acreditar que está adquirindo veículo da Fiat a prazo
Empresa anuncia carro para vender título
EUNICE NUNES
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Nos últimos 20 dias, a Folha recebeu quatro reclamações do plano de capitalização Sul América
Super Fácil Fiat. No Procon de
São Paulo, há 21 em andamento.
Basicamente, os consumidores
se queixam da forma de contratação e do valor do resgate, seja ele
antecipado ou feito no final do
prazo do título de capitalização.
O nome do produto e a publicidade levam o consumidor a crer
que está comprando um carro da
marca Fiat a prazo.
São condições vantajosas: pequenas parcelas, sem comprovação de renda, oito sorteios por
mês, sem fiador ou avalista, mesmo que o comprador esteja na lista negra do SPC (Serviço de Proteção ao Crédito) ou do Serasa.
Embora o contrato seja de aquisição de um título de capitalização, o chamariz é o automóvel.
No endereço da Sul América
Capitalização na internet, ao lado
da foto de um carro Fiat, o texto
diz "programe a compra de seu
Fiat zerinho com desconto de até
11%, sem burocracia, e com garantia de entrega através da rede
autorizada Fiat".
Alexandre Costa Oliveira, técnico de assuntos financeiros do
Procon/SP, informa que a empresa já alterou as peças publicitárias,
"que já foram piores", mas ainda
não deixou claro que está vendendo um título de capitalização.
"A forma como o negócio é feito
induz o consumidor a erro, a
acreditar que o sorteio é fácil, que
no final vai levar um carro para
casa. Mas a probabilidade de alguém ser sorteado é de 0,0001%",
afirma o técnico do Procon/SP.
A empresa negocia com o Procon de Belo Horizonte mudanças
na publicidade. "Enviamos sugestões e estamos esperando um posicionamento", diz Antonio Carlos Gabriel, diretor de marketing
da Sul América Capitalização.
Segundo Oliveira, o título de capitalização vinculado a um bem
de consumo não dá garantia de
que, ao final do plano, o consumidor consiga comprá-lo. "Como o
comprador recebeu uma informação inadequada sobre a natureza do negócio, fica frustrado."
Foi o que houve com o empresário Helio Burzaca Lopes, 32. Em
26 de março, pagou a última das
24 parcelas do título, totalizando
R$ 16.547,28. Lopes queria um Palio Weekend 1.0. Ele resgatou R$
15.312,94 em 27 de abril, ganhou
um certificado de desconto de R$
612,51 e o direito a um desconto
de 3,5% na compra do Palio.
"Só que o carro agora custa cerca de R$ 21 mil. Não dá para comprar. Além disso, o vendedor não
me informou que o resgate seria
de apenas 90% do que paguei",
diz. "Me senti um tolo, um idiota.
Fui na conversa do vendedor, não
li o contrato e perdi dinheiro."
A produtora de eventos Roberta
G. Martins de Oliveira, 30, diz
que, ao fechar o negócio, pensava
estar comprando o carro. "Quando tinha pago quatro parcelas e
percebi do que se tratava, desisti."
Ao ver o anúncio do título, seu
carro tinha sido roubado. Ligou e
um vendedor foi a sua casa.
"Ele me convenceu que o plano
era bom, barato e que logo poderia ganhar o carro. Sendo sorteada, ganharia emplacamento, IPVA, rádio com CD e seguro total
por um ano." Roberta admite o
erro ao não ler o contrato, mas diz
que o vendedor deve dar informações corretas sobre o produto.
"Seguro, IPVA e emplacamento
só se oferecem a quem tem carro.
Paguei quase R$ 900 e a Sul América quer me devolver R$ 97,50."
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