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GUERRA URBANA
Segundo diretor da Associação dos Oficiais da PM, "presos mandam dentro e fora das penitenciárias"; sindicalistas pedem saída de secretários
Para policiais, governo paulista é "incapaz"
CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL
Dirigentes de entidades representativas dos policiais civis e militares atribuem os ataques à fragilidade da Lei de Execuções Penais e à suposta incapacidade do
governo do Estado de São Paulo
de gerir os sistemas de segurança
pública e penitenciário.
"Os presos mandam de fato
dentro e fora das penitenciárias",
afirmou o major Sergio Olímpio
Gomes, diretor da Associação dos
Oficiais da Polícia Militar.
Segundo ele, todas as promessas feitas pelo governo estadual,
como a instalação de bloqueadores de celulares nas cadeias e a colocação de vidros blindados nas
bases comunitárias e nos carros
policiais, não foram cumpridas.
"Os investimentos feitos são de
fachada. Entregam carros em praça pública, fazem formatura de
policial em praça pública. Mas, se
não houver corte da comunicação
e da logística dos criminosos, eles
vão continuar promovendo esse
derramamento de sangue."
O presidente da Associação dos
Cabos e Soldados da PM, Wilson
Moraes, classificou os ataques
contra os policiais civis e militares
de "chacina". "A Secretaria de Segurança Pública sabia das conseqüências após a transferência dos
líderes do PCC. Por que não reforçou o policiamento nas delegacias
e nas bases?", questiona. A secretaria alega que houve reforço.
Moraes afirma que os policiais
estão hoje "mal pagos, mal armados e mal equipados". "Quando
saem do serviço, têm que repassar
o colete a prova de balas para o
outro colega. Também é um absurdo deixar um policial trabalhando sozinho na viatura."
Wilson Moraes defende que o
governo substitua os secretários
da Segurança e da Administração
Penitenciária. "O da Segurança é
arrogante, prepotente, não entende nada de segurança pública. O
da Administração Penitenciária
ninguém respeita."
O delegado André Di Rissio,
presidente da associação dos delegados, endossa as declarações
de Moraes. "Temos um amador
na Segurança e outro incompetente na Administração Penitenciária." As assessorias de imprensa das secretarias da Segurança e
da Administração Penitenciária
informaram que os secretários
Saulo de Castro e Nagashi Furukawa não se pronunciariam.
Para Rissio, o Estado perdeu o
controle do sistema prisional, e a
Justiça e o Ministério Público
também não estão cumprindo
seu papel. "Cadê os promotores
que deveriam fiscalizar as cadeias? Por que a Justiça concede
tantos indultos aos presos?"
Di Rissio diz que os detentos
saem da cadeia já orientados pelos líderes. "Se ele não matar, é
morto." Ele afirma que a polícia
não vai se acovardar. "Vamos dar
a resposta necessária, na proporção cabível."
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