São Paulo, quinta-feira, 14 de maio de 2009

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Ladrões abandonam quadros de Tarsila e Portinari na rua

As 4 telas roubadas nos Jardins foram deixadas perto da entrada da TV Record, na Barra Funda, anteontem à noite

Polícia diz que assaltantes se preocuparam em ligar para a emissora avisando, para que catadores de papel não recolhessem as obras

Apu Gomes/Folha Imagem
Policial carrega a tela "Figura Azul", de Tarsila do Amaral, e "Crucificação de Jesus", de Orlando Teruz


RACHEL AÑÓN
DA AGÊNCIA FOLHA

LUIS KAWAGUTI
DA REPORTAGEM LOCAL

Menos de três dias depois do roubo, as telas de Tarsila do Amaral, Candido Portinari e Orlando Teruz levadas de uma casa nos Jardins (zona oeste de SP) foram abandonadas na noite de anteontem em uma rua da Barra Funda (centro), perto da entrada da TV Record, intactas.
Segundo a polícia, foi a própria quadrilha que deixou as obras e ainda teve a preocupação de ligar para a emissora para avisar, para que os quadros não fossem recolhidos por catadores de papel.
"Os criminosos não queriam que as telas fossem confundidas com pedaços de papel e levadas por carroceiros. Queriam ter certeza de que depois que telefonassem para a emissora saísse gente do prédio para recolher", disse o delegado Dejar Gomes Neto, titular da 1ª Delegacia Seccional.
Uma das hipóteses investigadas é que, diante da grande divulgação do crime, o receptador que havia encomendado o roubo tenha desistido de comprar os quadros.
Outra linha de investigação é a de que os criminosos decidiram se livrar das telas depois que policiais que investigavam o caso se aproximaram de um possível esconderijo da quadrilha na zona sul de São Paulo.
Segundo o delegado, as telas "Figura em Azul" (1923), de Tarsila do Amaral, "Cangaceiro" (1956) e "Retrato de Maria" (1934), de Candido Portinari, e "Crucificação de Jesus", de Orlando Teruz, foram deixadas encostadas no muro de uma linha férrea na rua da Várzea, embrulhadas em papel pardo.
O valor estimado dos quatro quadros é de R$ 3,5 milhões. Segundo a polícia, as obras não tinham seguro.
No local também foram achados pacotes contendo parte das joias também levadas no último domingo da casa de Ilde Maksoud, 85, ex-mulher do empresário Henry Maksoud.
De um telefone público, os criminosos entraram em contato com a emissora, às 23h30 de anteontem, para avisar que os quadros estavam na rua. A Polícia Civil foi acionada pelos funcionários e apreendeu as obras por volta da 1h de ontem.
De acordo com Gomes Neto, as obras não foram cortadas ou danificadas, como havia sido dito pela própria polícia. Também não há sinais de descolamento da tinta.
A principal pista da polícia são três retratos falados dos criminosos -as seis pessoas que foram feitas reféns por mais de uma hora só conseguiram descrever 3 dos 15 ladrões.
A Folha procurou Ilde Maksoud, mas ela não quis comentar o caso. Seu neto Henry Maksoud Neto disse que a família está aliviada. "Não queremos falar muito sobre isso, mas o que desejamos é que agora os criminosos responsáveis sejam presos", afirmou.


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