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Ladrões abandonam quadros de Tarsila e Portinari na rua
As 4 telas roubadas nos Jardins foram deixadas perto da entrada da TV Record, na Barra Funda, anteontem à noite
Polícia diz que assaltantes se preocuparam em ligar para a emissora avisando, para que catadores de papel não recolhessem as obras
Apu Gomes/Folha Imagem
![](../images/c1405200901.jpg) |
Policial carrega a tela "Figura Azul", de Tarsila do Amaral, e "Crucificação de Jesus", de Orlando Teruz |
RACHEL AÑÓN
DA AGÊNCIA FOLHA
LUIS KAWAGUTI
DA REPORTAGEM LOCAL
Menos de três dias depois do
roubo, as telas de Tarsila do
Amaral, Candido Portinari e
Orlando Teruz levadas de uma
casa nos Jardins (zona oeste de
SP) foram abandonadas na noite de anteontem em uma rua da
Barra Funda (centro), perto da
entrada da TV Record, intactas.
Segundo a polícia, foi a própria quadrilha que deixou as
obras e ainda teve a preocupação de ligar para a emissora para avisar, para que os quadros
não fossem recolhidos por catadores de papel.
"Os criminosos não queriam
que as telas fossem confundidas com pedaços de papel e levadas por carroceiros. Queriam
ter certeza de que depois que
telefonassem para a emissora
saísse gente do prédio para recolher", disse o delegado Dejar
Gomes Neto, titular da 1ª Delegacia Seccional.
Uma das hipóteses investigadas é que, diante da grande divulgação do crime, o receptador que havia encomendado o
roubo tenha desistido de comprar os quadros.
Outra linha de investigação é
a de que os criminosos decidiram se livrar das telas depois
que policiais que investigavam
o caso se aproximaram de um
possível esconderijo da quadrilha na zona sul de São Paulo.
Segundo o delegado, as telas
"Figura em Azul" (1923), de
Tarsila do Amaral, "Cangaceiro" (1956) e "Retrato de Maria"
(1934), de Candido Portinari, e
"Crucificação de Jesus", de Orlando Teruz, foram deixadas
encostadas no muro de uma linha férrea na rua da Várzea,
embrulhadas em papel pardo.
O valor estimado dos quatro
quadros é de R$ 3,5 milhões.
Segundo a polícia, as obras não
tinham seguro.
No local também foram
achados pacotes contendo parte das joias também levadas no
último domingo da casa de Ilde
Maksoud, 85, ex-mulher do
empresário Henry Maksoud.
De um telefone público, os
criminosos entraram em contato com a emissora, às 23h30
de anteontem, para avisar que
os quadros estavam na rua. A
Polícia Civil foi acionada pelos
funcionários e apreendeu as
obras por volta da 1h de ontem.
De acordo com Gomes Neto,
as obras não foram cortadas ou
danificadas, como havia sido
dito pela própria polícia. Também não há sinais de descolamento da tinta.
A principal pista da polícia
são três retratos falados dos criminosos -as seis pessoas que
foram feitas reféns por mais de
uma hora só conseguiram descrever 3 dos 15 ladrões.
A Folha procurou Ilde Maksoud, mas ela não quis comentar o caso. Seu neto Henry
Maksoud Neto disse que a família está aliviada. "Não queremos falar muito sobre isso, mas
o que desejamos é que agora os
criminosos responsáveis sejam
presos", afirmou.
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