São Paulo, quinta-feira, 14 de maio de 2009

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"Roubo de quadros famosos é obra de amador no Brasil"

NATÁLIA PAIVA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Roubo de quadros famosos no Brasil é obra de amador, e a existência de quadrilhas especializadas, "pura ilusão".
A opinião é do representante da casa de leilões Sotheby's -uma das mais importantes do mundo- Pedro Corrêa do Lago, que diz que esse tipo de crime continua a ocorrer devido à crença infundada num "mercado negro" de arte.
"A ilusão do ladrão é achar que vai haver deságio, como para joias. Não há receptador para isso [quadros]. Hoje, você sabe automaticamente se o quadro é roubado. Se, no mercado legítimo, vale R$ 10 milhões, quando roubado, vale zero."
Para Lago, não há colecionadores que "admiram seus quadros roubados em câmaras secretas".
Ele defende a ideia de que não existem quadrilhas especializadas no Brasil.
De acordo com o representante da Sotheby's, os roubos recentes -Masp, ocorrido em dezembro de 2007, e o dos Jardins, no domingo- repetem o mesmo padrão dos "roubos de ocasião", feitos por gente pouco informada.
"A experiência recente provou que todas as ocorrências do tipo no Brasil eram de pessoas que ouvem falar que no lugar a que têm acesso há quadros que valem uma fortuna. Roubam primeiro e se preocupam em vender depois. Aí, descobrem que não há comprador."

Prática comum
Um dos motivos para que os roubos a quadros tenham se tornado comuns, na opinião de Lago, é a publicidade em torno deles, o que pode alimentar a vontade dos ladrões.
"É possível que não tenham entrado para roubar os quadros e, na falta de todo o resto, sabendo que estavam lá e eram grandes nomes, disseram "bom, vamos levar pelo menos isso aqui'", afirma.


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