São Paulo, quarta-feira, 14 de junho de 2000


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VIOLÊNCIA NO RIO
Governador, que prometeu ajudar a família da refém morta, declarou que o desfecho do sequestro de anteontem foi desastroso
Comandante da PM é demitido por Garotinho

DA SUCURSAL DO RIO

Diante de mais uma crise na área de segurança pública, por causa da ação desastrada da polícia no sequestro de anteontem, o governador do Rio, Anthony Garotinho (PDT), demitiu ontem o comandante da Polícia Militar, coronel Sérgio da Cruz.
Garotinho demonstrou irritação com o comportamento dos policiais no desfecho do sequestro do ônibus, no qual duas pessoas morreram. Em rápida declaração, informou que tomou conhecimento do laudo que aponta que o sequestrador foi morto por asfixia. "A polícia asfixiou o bandido. Isso é intolerável, não tem cabimento em lugar nenhum."
Para o governador, o desfecho do caso "foi desastroso, a pior coisa que poderia acontecer". O novo comandante será o coronel Wilton Soares Ribeiro, chefe do Estado Maior da PM.
Apesar de ter decidido demitir Cruz, Garotinho não anunciou nenhuma medida contra o comandante do Bope, coronel José Penteado, responsável direto pela operação.
Embora tenha anunciado a demissão de Cruz como consequência dos fatos acontecidos anteontem, essa era, na verdade, uma decisão que o governador vinha estudando pelo menos desde abril.
Naquele mês, uma comissão especial nomeada pelo próprio governador, sob comando do Ministério Público, iniciou investigação a partir de relatório da Ouvidoria da Secretaria de Segurança Pública, no qual Cruz é acusado de não ter apurado 56 denúncias contra crimes de extorsão, sequestro e tráfico envolvendo policiais militares.
O governador afirmou que "a polícia teve desempenho medíocre" no episódio do sequestro.
Para ele, além de terem asfixiado o sequestrador, os policiais cometeram erros ao montar a operação de isolamento que permitiu a aproximação de curiosos numa situação de risco e na reação final do policial que disparou tiros de metralhadora, para o qual "faltou total equilíbrio", afirmou.
As declarações foram feitas na tarde de ontem, depois de seu encontro com Maria Elisângela Gonçalves, irmã de Geísa Firmo Gonçalves, a refém que foi morta.
No encontro, no qual Elisângela esteve acompanhada de uma prima, o governador prometeu apoio pessoal e do Estado à família da vítima. A primeira ajuda seria com o pagamento do translado do corpo de Geísa para Fortaleza (CE), bem como das despesas de viagem da irmã e da prima, que chegaram ontem ao Rio e foram direto do aeroporto para o gabinete de Garotinho.
As duas passaram o dia de ontem sendo conduzidas pessoalmente pelo chefe do Gabinete Militar do governo do Estado, coronel Paulo Melo, e pelo secretário da Casa Civil, Augusto Alriston, que providenciaram para que fossem resolvidos entraves burocráticos no IML e para a viagem de volta a Fortaleza.
Antes do encontro com os parentes da refém morta, que durou 15 minutos, ele havia se reunido com o secretário de Segurança Pública, coronel Josias Quintal.
Nesse encontro, ele decidiu pela demissão do comandante da PM.



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