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VIOLÊNCIA NO RIO
Parentes da professora Geísa Gonçalves, 20, pretendem recorrer à Justiça para que governo do Rio se responsabilize pela morte
Família de refém morta quer indenização
KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA
A família de Geísa Firmo Gonçalves, 20, não quer vingança. Os
parentes querem que o governo
do Estado do Rio de Janeiro se
responsabilize pela morte dela e
pague uma indenização. Para isso, prometem entrar na Justiça.
Geísa foi morta anteontem durante o sequestro de um ônibus
na capital fluminense.
"Dinheiro nenhum vai trazer a
Geísa de volta, mas temos de tomar todas as providências para
que os governantes saibam que
ela não era sozinha no mundo,
que não era um bicho que podem
matar e jogar no lixo", disse Marta
Firmo, prima de Geísa.
Fazia cerca de um ano que a
moça havia deixado Fortaleza
(CE), cidade onde nasceu. O fato
de não ter mais a mãe -Josefa
Firmo, morta há dois anos- a
motivou a ir para o Rio de Janeiro
morar com o namorado.
Geísa deixou a escola e viajou.
Conseguiu um emprego de professora em uma escolinha de artes
na favela da Rocinha, onde ensinava artesanato a crianças.
"Ela não pensou duas vezes.
Largou tudo", disse a prima. "Antes de pegar o avião, ela foi ao
shopping e mandou fazer uma camiseta com o nome dele."
Na capital cearense, Geísa vivia
com a irmã, Elisangela Gonçalves,
no bairro João 23, periferia da cidade. Os parentes não sabem onde vive o pai das moças, Edilson
Gonçalves, com quem a professora nunca manteve um relacionamento próximo.
Além da irmã, as únicas pessoas
da família com quem convivia no
Ceará eram tios e primos. Ela será
enterrada hoje no mesmo jazigo
onde está a mãe, em Fortaleza.
No IML (Instituto Médico Legal) do Rio, ficou confirmado que
ela estava grávida de dois meses.
Geísa havia levantado a suspeita
para os parentes, mas não havia
confirmado a gestação.
Para o coronel da PM Ivan Macedo, presidente do Clube dos
Oficiais da Polícia Militar do Ceará e tio de Geísa, a polícia carioca
errou ao tentar libertar sua sobrinha com violência.
"Aconteceu um erro grave. O
policial, que tinha uma metralhadora na mão, não conseguiu conter a emoção e quis, com a arma,
resolver tudo, ser o herói. Quando
ele atirou no bandido, houve uma
reação natural, e o sequestrador
atirou em Geísa até como uma
forma de se defender", disse.
Marta Firmo e Francisca Firmo
Paz, 68, tia de Geísa, estavam assistindo TV quando viram as imagens do sequestro. O coronel Macedo não acompanhou pela televisão o desfecho do drama.
"O erro (da polícia) foi ainda
maior porque não adiantava cometer outro crime, desta vez contra o bandido, porque isso não ia
trazer a Geísa de volta ou amenizar o mal feito a ela."
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