São Paulo, quarta-feira, 14 de junho de 2000


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Amigos protestam na frente do IML

WAGNER MATHEUS
DA SUCURSAL DO RIO

Um grupo de 55 pessoas, entre amigos, alunos e vizinhos de Geísa Firmo Gonçalves, fizeram ontem uma manifestação em frente ao IML, no Rio. Eles pediram justiça e apuração séria do caso.
Os manifestantes, todos moradores da favela da Rocinha, na zona sul do Rio -onde Geísa vivia com Alexandre Magno Alves-, chegaram em um ônibus fretado pela Associação de Moradores.
"Precisamos de paz. Não à impunidade. Lei para todos, igualdade de direitos", dizia um cartaz carregado por um dos alunos da professora morta. "Assisti a tudo pela televisão e fiquei muito triste quando soube que ela tinha morrido", disse Nilson da Silva Farias, 12, aluno de Geísa.
"Queremos que investiguem. Todo mundo viu pela TV o que aconteceu. A Geísa era muito querida na comunidade", afirmou João Carlos Barbosa e Lima, 39, um dos líderes da manifestação.
A irmã de Geísa, Elisangela Gonçalves, chegou no início da tarde de ontem de Fortaleza (CE).
Depois de ser recebida pelo governador Anthony Garotinho, no Palácio Guanabara, ela foi ao IML ver o corpo da irmã. Elisangela e uma prima, que não quis se identificar, foram escoltadas pelo chefe do Gabinete Militar do Palácio Guanabara, coronel Paulo Melo, e por dois policiais militares.
O coronel e os policiais impediram que os jornalistas se aproximassem de Elisangela, que, chorando, não parava de repetir: "Eu só quero chegar para ver o corpo da minha irmã".
Atrás dos policiais seguiam três colegas de trabalho de Geísa, que gritavam para que Elisangela não assinasse nenhum documento.
Por volta das 18h, três alunas de Geísa entraram no IML para falar com Elisangela. O encontro durou cerca de 20 minutos. Uma das meninas desceu com um bilhete da irmã da professora.
"Eu, Elisangela, irmã da vítima, agradeço o anseio da comunidade, principalmente das crianças. Crianças, vocês são puras e simples, como era minha irmã. Por isso Deus a quis junto a Ele. Eu as abraço em nome dela," dizia um dos trechos do texto.
De acordo com Adriana Pazzoti, amiga e coordenadora da creche onde Geísa trabalhava, até as 18h30 a irmã e a prima da professora não tinham feito o reconhecimento do corpo.
O marido de Geísa, Alexandre Magno Alves, não apareceu para fazer o reconhecimento do corpo. Segundo um amigo da família, que não quis se identificar, ele "estava o dia inteiro acompanhado de um policial da 15ª Delegacia Policial" (Gávea, zona sul do Rio), onde o caso foi registrado.



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