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AMBIENTE
Dos 93 pilares de aço que sustentam estrutura submarina, 72 apresentam problemas de corrosão e fadiga
Emissário de Ipanema corre risco
de ruir
CRISTINA GRILLO
da Sucursal do Rio
O emissário submarino de Ipanema está prestes a ter um colapso
e ruir. Dos 93 pilares de aço que
sustentam os 4.350 m da tubulação
de concreto, 72 apresentam problemas que vão de um processo
inicial de corrosão até fraturas
causadas por fadiga de material.
Com as estruturas abaladas por
causa da fadiga do material, os pilares podem ruir sob o impacto de
ondas fortes como as que atingiram o Rio durante a semana.
Desde 1991, três pilares já ruíram.
Dois passaram por obras de recuperação -o primeiro, em 1991, reparado pela Coppe/UFRJ (Coordenação de Programas de Pós-Graduação em Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro);
o segundo, este ano, consertado
pela Petrobrás.
Em 1994, o penúltimo pilar da estrutura do emissário se rompeu,
derrubando a tubulação que transporta o esgoto até alto-mar e até
hoje não foi consertado. Por causa
do rompimento do pilar 609, que
fica a poucos metros do local de
lançamento dos dejetos do emissário, a tubulação de concreto que ele
sustentava tombou no fundo do
mar e sofreu fissuras.
Há vazamento de esgoto no local,
mas, por estar próximo da área de
dispersão, não há risco de a poluição atingir as praias.
Um relatório detalhado sobre as
condições estruturais do emissário
submarino feito em 1991 pela Coppe já apontava para o risco de colapso total do sistema.
"Os pilares vão cair um a um. Já
fui chamado para conversas por
todos os secretários de obras desde
a gestão Brizola (1991-94). Explico
o que está acontecendo e nada é
feito", afirma o engenheiro Ronaldo Battista, professor do programa
de engenharia civil da Coppe.
Battista, responsável pelos projetos de recuperação estrutural da
ponte Rio-Niterói e do estádio do
Maracanã, entre outros, afirma
que os problemas estruturais do
emissário foram causados por um
"lapso" no projeto, feito por engenheiros franceses.
Dois aspectos, na avaliação do
engenheiro, não teriam sido corretamente avaliados. O primeiro, o
impacto constante das ondas de
pequeno porte sobre a estrutura; o
segundo, a existência de bolsões de
argila orgânica, material que favorece a corrosão dos pilares.
De acordo com Battista, a trepidação natural do emissário, somada à frequência das ondas pequenas, causa o que se chama de amplificação dinâmica da trepidação.
"Se as ondas fossem maiores,
mas com intervalos maiores de
tempo, a estrutura teria mais tempo para se recuperar. Como isso
não acontece, há a fadiga do material", explica o engenheiro.
De acordo com o relatório da
Coppe, as ondas na praia de Ipanema têm em média 2 m de altura e
surgem em ciclos de seis segundos.
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