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RIO
Ela voltou atrás após visita de organizações da Igreja Católica
T.G.S., 18, desiste de fazer um aborto autorizado pela Justiça
SERGIO TORRES
da Sucursal do Rio
Convencida por organizações
da Igreja Católica, T.G.S., 18, desistiu de fazer o aborto que chegou a ser autorizado pela Justiça.
Ela engravidou em consequência do estupro sofrido em 13 de
março em Vassouras (a 116 km
do Rio).
No mês passado, em entrevista
à Folha, T. estava irredutível na
decisão de ser submetida a uma
cirurgia para a interrupção da
gravidez indesejada, que está
completando quase três meses.
Há duas semanas, ela foi localizada em Vassouras por representantes dos grupos católicos
Movimento Pró-Vida e Renovação Carismática.
Os emissários religiosos passaram dois dias tentando convencê-la a desistir do aborto. T. acabou mudando de idéia. "Desisti
de tirar porque vi que ter o bebê
é o melhor", afirmou.
T. deve morar agora no Rio, no
abrigo "Amparo Maternal",
mantido por católicos na zona
norte carioca. A casa acomoda
grávidas que não têm onde ficar.
"Achei legal vir para o Rio porque é uma forma de ter atendimento. Quero ter tudo o que for
possível. Eles falaram em trabalho e estudo", disse.
A cirurgia para a interrupção
da gravidez chegou a ser autorizada pelo juiz de Vassouras,
João Carlos Corrêa.
A decisão foi cancelada pela 7ª
Câmara Criminal do Tribunal de
Justiça do Rio, que concedeu liminar em habeas corpus impetrado pelo deputado estadual
Carlos Dias, vice-líder do PFL na
Assembléia Legislativa do Rio.
Membro da Renovação Carismática e do Movimento em Defesa da Vida da Arquidiocese do
Rio, Dias, 39, insistirá na ação
judicial mesmo tendo a vítima
desistido do aborto.
"Quero que o habeas corpus vá
a julgamento para que a vitória
seja mais expressiva ainda. É um
habeas corpus em favor do direito à vida do nascituro (ser humano já concebido)", disse Dias.
O deputado anunciou que matriculará T. em uma escola. Ela
cursa a 7ª série no colégio Centenário (Vassouras), mas desde o
estupro não ia às aulas.
Dias e os grupos católicos prometem fazer com que a jovem
aprenda pequenas tarefas durante a gestação, como costura.
A idéia agradou a T., que falou
com satisfação da possibilidade
de fazer as roupas do bebê. "Prefiro menina, mas ainda não escolhi o nome", afirmou.
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