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FLAGRANTE
Delegado mantinha armas irregulares na delegacia
Policiais são indiciados por extorsão e formação de quadrilha
FERNANDA DA ESCÓSSIA
da Sucursal do Rio
Um delegado de Polícia Civil,
três policiais e três informantes estão presos desde sexta-feira e já foram indiciados sob a acusação de
formação de quadrilha e extorsão
na 141ª DP (Delegacia de Polícia),
em São Fidélis (cidade a 285 km do
Rio de Janeiro).
A delegacia chegou a ficar interditada por quase todo o sábado,
com policiais militares guardando
o prédio e os presos detidos na carceragem.
A prisão dos policiais e dos informantes resultou de denúncia recebida pelo promotor de Itaperuna,
Marcelo Lessa Bastos.
Segundo o promotor, um fugitivo o procurou para dizer que o delegado de São Fidélis, Paulo Gil da
Rocha Faria, o ameaçara de morte
e intimidara sua família.
Com as informações do fugitivo
-que acabou se entregando-, o
promotor obteve mandado de
busca para vistoriar a 141ª DP.
PMs encarregados da operação
precisaram arrombar a delegacia,
porque os policiais civis que estavam de plantão não queriam abrir
as portas.
Segundo a PM, foram achadas
cerca de 20 armas irregulares, muita munição, placas frias de carro e
uma máscara. Três informantes
circulavam pela delegacia, portando armas sem licença.
"Encontrei os policiais claramente achacando três caminhoneiros detidos em vistorias. Fiquei
estarrecido. Todos foram presos
em flagrante", contou o promotor,
que disse temer represálias, apesar
de há cinco anos viver sob proteção policial.
Maus-tratos
Os cerca de 30 presos que estavam na carceragem e moradores
de São Fidélis também relataram
ao promotor que eram vítimas de
achaques e maus-tratos por parte
dos policiais.
Além do delegado Rocha Faria,
foram presos o detetive Haroldo
Sodré, o carcereiro Emílson Teixeira e o escrivão Marco Aurélio da
Silva. Também foram presos os informantes Edílson Rocha Júnior,
Humberto Luís Vicente e Cristóvão Genebra Cruz.
Levados para a cidade de Campos, os presos só prestaram depoimentos no 22º Batalhão de Polícia
Militar quando o secretário Estadual da Segurança, Josias Quintal,
chegou ao local.
Ontem de manhã, os policiais foram transferidos para a prisão especial Ponto Zero, em Benfica (zona norte do Rio). Além do processo criminal, eles responderão a inquérito administrativo que poderá
resultar em demissões.
O chefe da Polícia Civil, Carlos
Alberto D'Oliveira, disse que um
delegado está respondendo interinamente pela 141ª DP.
A Secretaria da Segurança deve
indicar hoje o novo delegado de
São Fidélis.
"Quero deixar claro que a Polícia
Civil não compactua com as irregularidades que os policiais foram
flagrados praticando. Quero dizer
também que, se tivéssemos sido
avisados pelo promotor, teríamos
ido até lá com ele. A diligência que
ele fez deveria ter sido comunicada", afirmou D'Oliveira.
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