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Empresa vendia psicotrópico sem autorização
FÁBIA PRATES
da Agência Folha, em Belo Horizonte
A Ação Distribuidora de Medicamentos
Ltda., envolvida
na revenda de
remédios falsificados, foi interditada ontem
pela Vigilância Sanitária de Belo
Horizonte (MG), por estar comprando e revendendo psicotrópicos e entorpecentes sem autorização do órgão.
A venda destes medicamentos,
que causam dependência física e
psíquica, só pode ser efetuada com
autorização especial prevista nas
leis federais 6.360 e 6.368.
Fiscais da Vigilância Sanitária fizeram vistoria na empresa ontem,
acompanhados de policiais federais. Entre os medicamentos vendidos irregularmente estavam Dimorf (entorpecente de uso hospitalar), Dormonid e Haloperidol.
A Vigilância Sanitária lacrou várias caixas dos remédios e recolheu amostras para análise de autenticidade. Também foram
apreendidas notas fiscais.
A Dinâmica Distribuidora, registrada em nome da mulher e da
irmã do dono da Ação, também
foi interditada, acusada de vender
o Epivir (remédio contra a Aids),
cuja distribuição é restrita ao Ministério da Saúde.
A empresa é registrada como
drogaria e vende remédios no varejo. Além da venda irregular, o
medicamento achado na empresa
pertence ao lote 277, que seria falso, segundo o ministério.
A Ação é uma das empresas que
vendeu frascos do Androcur falsificado (lote 351) para hospitais de
Minas e para órgãos públicos de
outros Estados e remédios para o
tratamento de Aids para a Secretaria da Saúde do Rio Grande do Sul.
A empresa responde a inquérito
policial por ter vendido lotes falsos do antibiótico hospitalar Triaxin para a Santa Casa de Misericórdia de Barbacena (MG).
A Dinâmica, que funcionou
clandestinamente durante dois
anos e três meses, também vendeu
caixas do Androcur falsificado.
Um de seus clientes foi o ex-prefeito de Timóteo (MG) Antônio
Dias Martins, 62, que morreu em
junho -podendo ter sido acelerada pelo efeito inócuo do remédio.
De acordo com a diretora do departamento de produtos da Vigilância Sanitária, Maria Goretti
Martins de Melo, será aberto inquérito administrativo para apurar os dois casos. Até o término do
inquérito, as empresas estão proibidas de vender medicamentos.
Segundo Maria Goretti, as duas
empresas não foram multadas,
porque não existe em Minas um
código sanitário que determine as
penalidades administrativas.
O dono da empresa, José Celso
Machado de Castro, terá 15 dias
para apresentar sua defesa. Ele
não estava na empresa e não foi
localizado pela Agência Folha para
falar sobre a interdição.
De acordo com a representante
da Vigilância Sanitária, o resultado do inquérito pode levar à cassação do alvará de funcionamento
das empresas.
Os responsáveis podem responder por crime de estelionato qualificado e por infração à lei 6.368/76
(de repressão a entorpecentes).
O dono da Ação já teve a prisão
temporária decretada pela Justiça
de São Paulo, em outubro do ano
passado, por suspeita de receptação de carga roubada. Ele foi acusado de ser um dos receptadores
de uma carga do laboratório Abbott avaliada em R$ 4 milhões.
Colaborou
Silvia de Moura, da Agência Folha
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