LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR

Localizado no centro de Salvador, em uma área de 5.100 metros quadrados, o Terreiro da Casa Branca, considerado o mais antigo do Brasil, ganhou outra identificação com a cultura afro -um gradil vazado, com os principais símbolos e orixás do candomblé.
Primeiro monumento da cultura afro-brasileira a ser tombado como patrimônio histórico na América do Sul, em 1999, o terreiro passou por intervenções para preservar a sua estrutura.
"Estamos realizando obras de urbanização e infra-estrutura que incluem contenção de encostas, drenagem, recuperação das escadarias, colocação de passeios e de meios-fios", disse o prefeito Antonio Imbassahy (PFL).
Contratado pela prefeitura para instalar o gradil, o artista plástico Bel Borba, 45, utilizou 20 toneladas de ferro para cercar toda a área. "Nas chapas de aço, desenhei 17 figuras ligadas ao candomblé, como Oxum, Oxóssi e Xangô", disse Borba.
Por sugestão do próprio artista, as chapas de ferro não serão pintadas. "Vou usar apenas óleo queimado para realçar o trabalho." De acordo com ele, o ferro está ligado à origem da religião.
"No candomblé, o ferro representa a história da escravidão, as correntes que eram amarradas às pernas dos escravos."
Somente no atual local, o Terreiro da Casa Branca tem cerca de 250 anos, de acordo com o antropólogo Ordep Serra, presidente da Sociedade Beneficente São Jorge do Engenho Velho da Federação. "Não temos como precisar a data em que o terreiro foi criado, mas, só para se ter uma idéia, terreiros tradicionais como o Gantois e o Ilê Axé Opô Afonjá foram criados a partir da Casa Branca", disse Serra.
"O mais importante é que as obras executadas pela prefeitura preservaram todas as características do local", disse a ialorixá do terreiro, mãe Tatá.
Dentro do templo, existem 40 residências e uma escola. Segundo a Federação Nacional do Culto Afro, existem na Bahia cerca de 7.000 terreiros de candomblé -4.000 apenas em Salvador.


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