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REFAVELA
Urbanistas também apontam falhas no projeto inicial dos Cingapuras como causa da deterioração dos conjuntos habitacionais
Para especialistas, poder público é ausente
DA REPORTAGEM LOCAL
Falhas no projeto e a falta da
presença do poder público são as
causas do processo de favelização
dos Cingapuras. A opinião é de
especialistas ouvidos pela Folha,
que dizem que o processo pode
ter aspectos positivos, já que atende às demandas da população.
"Moradia não é só ter um apartamento. As pessoas precisam
trabalhar, ter padaria perto, um
lugar para guardar o carro. Fazer
apenas os apartamentos é uma visão equivocada", afirmou Anália
Amorim, presidente da Associação de Ensino de Arquitetura e
Urbanismo de São Paulo.
Amorim afirma ver como um
processo natural o fato de que,
nas condições desses conjuntos
habitacionais, os moradores instalem serviços como "manicures,
bares e cabeleireiros".
Renato Cymbalista, do Instituto
Pólis, diz que "o Cingapura é um
"modelão", feito da mesma maneira em muitos lugares". "Não tenho certeza se as demandas são as
mesmas em todos eles. Pode ter
sido um erro aplicar o mesmo
modelo a situações diferentes."
Ele também aponta que o abandono das áreas por parte da prefeitura tem como conseqüência a
"privatização de áreas públicas".
Mas, para Cymbalista, a ocupação
pode ter pontos positivos. "Talvez
tenha melhorado, talvez esteja
atendendo melhor às necessidades da população."
A ausência do Estado também é
apontada como um fator para a
deterioração dos Cingapuras pela
professora Maria Ruth Amaral de
Sampaio, da FAU-USP. "O poder
público constrói, mas não consegue manter." Para ela, "as pessoas
que passam perto pensam que [o
conjunto habitacional] voltou a
ser uma favela. E o processo vai
aumentando, sem dúvida".
(VICTOR RAMOS)
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