São Paulo, sábado, 14 de agosto de 2004

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REFAVELA

Urbanistas também apontam falhas no projeto inicial dos Cingapuras como causa da deterioração dos conjuntos habitacionais

Para especialistas, poder público é ausente

DA REPORTAGEM LOCAL

Falhas no projeto e a falta da presença do poder público são as causas do processo de favelização dos Cingapuras. A opinião é de especialistas ouvidos pela Folha, que dizem que o processo pode ter aspectos positivos, já que atende às demandas da população.
"Moradia não é só ter um apartamento. As pessoas precisam trabalhar, ter padaria perto, um lugar para guardar o carro. Fazer apenas os apartamentos é uma visão equivocada", afirmou Anália Amorim, presidente da Associação de Ensino de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo.
Amorim afirma ver como um processo natural o fato de que, nas condições desses conjuntos habitacionais, os moradores instalem serviços como "manicures, bares e cabeleireiros".
Renato Cymbalista, do Instituto Pólis, diz que "o Cingapura é um "modelão", feito da mesma maneira em muitos lugares". "Não tenho certeza se as demandas são as mesmas em todos eles. Pode ter sido um erro aplicar o mesmo modelo a situações diferentes."
Ele também aponta que o abandono das áreas por parte da prefeitura tem como conseqüência a "privatização de áreas públicas". Mas, para Cymbalista, a ocupação pode ter pontos positivos. "Talvez tenha melhorado, talvez esteja atendendo melhor às necessidades da população."
A ausência do Estado também é apontada como um fator para a deterioração dos Cingapuras pela professora Maria Ruth Amaral de Sampaio, da FAU-USP. "O poder público constrói, mas não consegue manter." Para ela, "as pessoas que passam perto pensam que [o conjunto habitacional] voltou a ser uma favela. E o processo vai aumentando, sem dúvida". (VICTOR RAMOS)


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