São Paulo, sábado, 14 de agosto de 2004

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SP tem 300 famílias ainda em áreas de risco

DO "AGORA"

Um mapeamento feito por técnicos contratados pela prefeitura e concluído em abril de 2003 identificou 2.700 famílias vivendo em locais de São Paulo onde há perigo de deslizamento ou soterramento. A maioria são favelas.
A administração se comprometeu a remover todas elas, mas inicialmente não estabeleceu prazos. Até o começo de dezembro passado, só 771 haviam sido removidas.
Na ocasião, o chefe da assessoria técnica de serviços e obras da Secretaria de Subprefeituras, Sérgio Aparecido Pereira, informou que a remoção seria concluída até agosto deste ano.
Consultada ontem, a pasta informou que, até junho -na estatística mais atualizada-, cerca de 2.400 famílias haviam sido retiradas. Dessas, 1.100 foram removidas em 2003 e 1.400, neste ano.
As 300 famílias que vivem em áreas de risco deverão ser transferidas até o final do ano. Segundo a secretaria, cada subprefeitura monitora as áreas e faz a remoção quando julgar necessário. Para isso, dispõe de geólogos.
A Secretaria de Subprefeituras alega que um dos principais obstáculos para a remoção é a resistência das próprias famílias, que se recusam a sair. Outro problema é a necessidade de transferi-las para áreas próximas para não afastá-las do trabalho, escola e demais compromissos diários.

Remoção
Na quarta-feira, a Justiça determinou que a administração municipal remova todos os moradores das "áreas de risco alto ou muito alto" do Parque Europa, em M'Boi Mirim (zona sul). Cabe à prefeitura definir quem sairá com base em relatórios técnicos, que devem ser apresentados mensalmente à Promotoria.
A medida deve ser cumprida em até 90 dias após a data da decisão. Caso descumpra a medida, a prefeitura terá de pagar multa diária de R$ 20 mil por moradia em risco. Ela pode recorrer.
A liminar foi concedida pela 14ª Vara da Fazenda Pública, após requerimento do promotor Carlos Alberto Amin Filho, com base em reportagem, de 2003, do "Agora".
A desempregada Andreia de Cássia Odorico, 30, mora com o marido e cinco filhos numa casa de dois cômodos no Parque Europa. Ela se mudou para o local há 17 anos e sempre fica com medo quando chove. "Quando o tempo fecha, não fico em casa de jeito nenhum." A casa, sob um barranco, tem rachaduras e infiltrações.
Segundo a Subprefeitura de M'Boi Mirim, serão feitas obras para evitar deslizamentos onde for possível, e famílias serão removidas dos locais mais críticos.


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