|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Saulo tentou evitar a divulgação do vídeo
Responsável pela segurança pública em São Paulo, ele fez pedido aos diretores da emissora, minutos antes da exibição
Procurado para comentar o pedido, o secretário não se manifestou; o governador Cláudio Lembo (PFL) não se manifestou sobre o caso
KLEBER TOMAZ
ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL
REGIANE SOARES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O secretário da Segurança
Pública de São Paulo, Saulo de
Castro Abreu Filho, tentou evitar, anteontem à noite, que a
Rede Globo exibisse o vídeo
com o manifesto do PCC.
Abreu Filho, segundo a Folha apurou, procurou dois diretores da Globo por telefone.
Ontem, sua assessoria de imprensa disse que "a secretaria
não iria comentar o assunto".
Policiais envolvidos na operação para localizar o repórter
Guilherme Portanova confirmaram a ligação de Saulo.
O delegado Osvaldo Nico
Gonçalves, coordenador do
Garra (Grupo Armado de Repressão a Roubos e Assaltos),
também defendeu a não exibição da fita. Ele argumentou que
a exibição abriria um precedente arriscado, porque significaria atender, sob ameaça, a
uma exigência do PCC. "Isso
vai abrir um precedente grande", afirmou Gonçalves, que esteve na sede da emissora. Ele
foi enviado pela secretaria para
falar com a Globo.
Na avaliação da polícia, ao
ceder a um pedido, abre-se a
possibilidade de que outras reivindicações sejam feitas da
mesma maneira. A determinação de transmitir o vídeo partiu
dos seqüestradores de Portanova como condição para que
ele não fosse assassinado.
Pela sugestão dos policiais, a
ação da Globo deveria seguir a
negociação de um seqüestro
convencional: 1) procurar não
ceder "facilmente" às exigências dos captores -"Não pode
ceder facilmente, senão vira rotina", disse um delegado da cúpula da polícia, sob anonimato.
2) exigir uma prova de vida, como uma foto do repórter acompanhada de um jornal do dia.
Embora tenha tentado pressionar a emissora, a cúpula da
polícia paulista reconheceu
que a decisão de veicular o vídeo ficou restrita à Globo.
Lembo
Assim como o secretário da
Segurança, o governador de São
Paulo, Cláudio Lembo (PFL),
optou por não se pronunciar
ontem. Eles não participaram
de eventos públicos.
O ministro Tarso Genro (Relações Institucionais) foi um
dos raros integrantes da cúpula
do governo federal a se manifestar sobre a mais recente ação
do PCC. Disse que demonstra
uma "ousadia inaceitável" por
parte do crime.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) acompanha o
caso desde sábado por relatos
do ministro Márcio Thomaz
Bastos (Justiça), que, por sua
vez, se manteve em contato
com Lembo.
Tarso Genro considerou
"correta" a decisão da Globo de
cumprir a exigência feita pelos
seqüestradores.
Colaborou a Sucursal de Brasília
Texto Anterior: Estou disposta a trocar de lugar com ele, diz a mãe do repórter seqüestrado Próximo Texto: De acordo com especialistas, emissora agiu corretamente ao exibir gravação Índice
|