|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
EDUCAÇÃO
Secretário de Erradicação do Analfabetismo diz que governo está mais rigoroso para liberar verbas às entidades
Para o MEC, seriedade justifica atraso
DA SUCURSAL DO RIO
Para o secretário de Erradicação do Analfabetismo, João Luiz
Homem de Carvalho, a diferença
entre o valor estimado no estudo
do grupo de trabalho do MEC e o
previsto para ser aplicado neste
ano é explicada porque o esforço
para erradicar o analfabetismo
não vai acontecer, necessariamente, em salas de aula formais.
"O esforço que estamos propondo para alfabetizar adultos
não tem que acontecer em escolas
formais. São duas horas de aula
por dia durante seis ou oito meses. Isso não requer grandes gastos. Na Índia, por exemplo, foram
alfabetizadas 200 milhões de pessoas praticamente sem nenhum
gasto governamental, contando
com o trabalho voluntário. Nenhum país gastou R$ 400 [por
aluno] para alfabetizar", diz ele.
Apesar do valor menor do que o
estimado no estudo, Carvalho diz
que nunca se pagou tão bem os alfabetizadores em outras iniciativas semelhantes: "O valor repassado por aluno [R$ 15/mês] servirá também para pagamento do alfabetizador. Ele poderá receber
R$ 300 por dez horas semanais".
Ele diz também que é preciso levar em conta que o Brasil Alfabetizado pretende dar apenas o primeiro passo: "A educação formal
é cara, exige escola, carteira. Não
pretendemos que o aluno seja
considerado um letrado com apenas seis meses de alfabetização.
Queremos dar o primeiro passo e
colocá-lo nas mesmas condições
de um filho de pai rico ao entrar
no ensino fundamental. Ele já está
alfabetizado, mas ainda não é
uma pessoa letrada".
Carvalho também explica os
atrasos nos convênios com as entidades. "Isso aconteceu porque
estamos fazendo o programa com
seriedade. Se fizéssemos de qualquer jeito, já poderíamos ter começado há mais tempo. Não existia um programa como esse antes.
Desta vez, finalmente, vamos saber quem foi alfabetizado, quanto
custou. Duvido que alguém fizesse o que fizemos nesse tempo."
Outra explicação para o atraso,
diz, é o rigor que o FNDE (Fundo
Nacional de Desenvolvimento da
Educação) tem na aprovação das
entidades que estarão aptas a receber os repasses do MEC.
Apesar do atraso, ele diz que o
MEC terá condições de, pelo menos, matricular 3 milhões de analfabetos até o fim do ano. Carvalho
explica que essa meta será atingida com o convênio já assinado
com as 39 entidades para alfabetizar 1 milhão. Além disso, até o fim
do ano, o MEC pretende assinar
convênios para cadastrar mais 1
milhão. O restante seria alfabetizado sem ajuda do MEC.
Texto Anterior: Educação: MEC gasta 1/5 do que previa com analfabeto Próximo Texto: Continuidade preocupa Estados Índice
|