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São Paulo, domingo, 14 de setembro de 2003

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EDUCAÇÃO

Secretário de Erradicação do Analfabetismo diz que governo está mais rigoroso para liberar verbas às entidades

Para o MEC, seriedade justifica atraso

DA SUCURSAL DO RIO

Para o secretário de Erradicação do Analfabetismo, João Luiz Homem de Carvalho, a diferença entre o valor estimado no estudo do grupo de trabalho do MEC e o previsto para ser aplicado neste ano é explicada porque o esforço para erradicar o analfabetismo não vai acontecer, necessariamente, em salas de aula formais.
"O esforço que estamos propondo para alfabetizar adultos não tem que acontecer em escolas formais. São duas horas de aula por dia durante seis ou oito meses. Isso não requer grandes gastos. Na Índia, por exemplo, foram alfabetizadas 200 milhões de pessoas praticamente sem nenhum gasto governamental, contando com o trabalho voluntário. Nenhum país gastou R$ 400 [por aluno] para alfabetizar", diz ele.
Apesar do valor menor do que o estimado no estudo, Carvalho diz que nunca se pagou tão bem os alfabetizadores em outras iniciativas semelhantes: "O valor repassado por aluno [R$ 15/mês] servirá também para pagamento do alfabetizador. Ele poderá receber R$ 300 por dez horas semanais".
Ele diz também que é preciso levar em conta que o Brasil Alfabetizado pretende dar apenas o primeiro passo: "A educação formal é cara, exige escola, carteira. Não pretendemos que o aluno seja considerado um letrado com apenas seis meses de alfabetização. Queremos dar o primeiro passo e colocá-lo nas mesmas condições de um filho de pai rico ao entrar no ensino fundamental. Ele já está alfabetizado, mas ainda não é uma pessoa letrada".
Carvalho também explica os atrasos nos convênios com as entidades. "Isso aconteceu porque estamos fazendo o programa com seriedade. Se fizéssemos de qualquer jeito, já poderíamos ter começado há mais tempo. Não existia um programa como esse antes. Desta vez, finalmente, vamos saber quem foi alfabetizado, quanto custou. Duvido que alguém fizesse o que fizemos nesse tempo."
Outra explicação para o atraso, diz, é o rigor que o FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação) tem na aprovação das entidades que estarão aptas a receber os repasses do MEC.
Apesar do atraso, ele diz que o MEC terá condições de, pelo menos, matricular 3 milhões de analfabetos até o fim do ano. Carvalho explica que essa meta será atingida com o convênio já assinado com as 39 entidades para alfabetizar 1 milhão. Além disso, até o fim do ano, o MEC pretende assinar convênios para cadastrar mais 1 milhão. O restante seria alfabetizado sem ajuda do MEC.


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