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São Paulo, domingo, 14 de setembro de 2003

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Verba federal é insuficiente e está atrasada, afirma líder do MST

DA REPORTAGEM LOCAL

A verba do Brasil Alfabetizado é insuficiente para sustentar de forma adequada um programa de alfabetização. É o que afirmam Edna Araújo e Enedina de Andrade, coordenadoras de educação do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) em São Paulo e em nível nacional, respectivamente.
"Não dá nem para comprar o material didático", reclama Andrade. "Praticamente sai tudo por nossa conta, principalmente em relação à capacitação dos alfabetizadores", sustenta Araújo.
Ela conta que, em São Paulo, os R$ 80 dados por professor que deve ser treinado não deram nem para pagar a viagem dos interessados de Andradina (640 km a noroeste da capital) a Itapeva (284 km a oeste da capital), onde foi concentrada a capacitação.
"Os professores foram de ônibus, mas não sobrou dinheiro para a passagem de volta, então voltou todo mundo a pé", lembra.
Segundo a resolução que criou o Brasil Alfabetizado, dos R$ 80 destinados à capacitação, R$ 20 são para o treinamento inicial dos alfabetizadores -que tem de durar no mínimo 30 horas- e R$ 60 devem ser utilizados para a qualificação continuada durante o projeto, a ser realizada uma vez por semana, por duas horas.
Os educadores recebem R$ 15 por aluno como ajuda de custo. O MST é uma das poucas entidades conveniadas ao projeto do MEC que já iniciaram as aulas.

Dinheiro não chegou
Além de pouca, a verba do governo ainda não chegou para os alfabetizadores do MST em São Paulo. Os convênios com o MEC foram assinados em maio, e as aulas começaram em junho nos acampamentos e assentamentos.
Segundo a coordenação do movimento no Estado, os cadastros dos alunos foram enviados ao ministério, mas, como havia erros nas fichas, tiveram de ser refeitos. Por isso a verba teria atrasado.
Também houve demora porque parte dos educadores não tinha conta em bancos. O dinheiro deve ser repartido entre os grupos que trabalham com EJA (Educação de Jovens e Adultos) do MST de São Paulo nesta semana, informou ainda a coordenação.
Apesar das reclamações e dos problemas em relação aos recursos federais, as representantes do movimento louvam a iniciativa do governo. "Os pontos fortes do projeto são a sua coerência, o fato de o programa não se basear só em números, de possibilitar o diálogo com a sociedade e de ser flexível", afirma Andrade.


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