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Verba federal é insuficiente e está
atrasada, afirma líder do MST
DA REPORTAGEM LOCAL
A verba do Brasil Alfabetizado é
insuficiente para sustentar de forma adequada um programa de alfabetização. É o que afirmam Edna Araújo e Enedina de Andrade,
coordenadoras de educação do
MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) em São
Paulo e em nível nacional, respectivamente.
"Não dá nem para comprar o
material didático", reclama Andrade. "Praticamente sai tudo por
nossa conta, principalmente em
relação à capacitação dos alfabetizadores", sustenta Araújo.
Ela conta que, em São Paulo, os
R$ 80 dados por professor que deve ser treinado não deram nem
para pagar a viagem dos interessados de Andradina (640 km a
noroeste da capital) a Itapeva (284
km a oeste da capital), onde foi
concentrada a capacitação.
"Os professores foram de ônibus, mas não sobrou dinheiro para a passagem de volta, então voltou todo mundo a pé", lembra.
Segundo a resolução que criou o
Brasil Alfabetizado, dos R$ 80
destinados à capacitação, R$ 20
são para o treinamento inicial dos
alfabetizadores -que tem de durar no mínimo 30 horas- e R$ 60
devem ser utilizados para a qualificação continuada durante o projeto, a ser realizada uma vez por
semana, por duas horas.
Os educadores recebem R$ 15
por aluno como ajuda de custo. O
MST é uma das poucas entidades
conveniadas ao projeto do MEC
que já iniciaram as aulas.
Dinheiro não chegou
Além de pouca, a verba do governo ainda não chegou para os
alfabetizadores do MST em São
Paulo. Os convênios com o MEC
foram assinados em maio, e as aulas começaram em junho nos
acampamentos e assentamentos.
Segundo a coordenação do movimento no Estado, os cadastros
dos alunos foram enviados ao ministério, mas, como havia erros
nas fichas, tiveram de ser refeitos.
Por isso a verba teria atrasado.
Também houve demora porque
parte dos educadores não tinha
conta em bancos. O dinheiro deve
ser repartido entre os grupos que
trabalham com EJA (Educação de
Jovens e Adultos) do MST de São
Paulo nesta semana, informou
ainda a coordenação.
Apesar das reclamações e dos
problemas em relação aos recursos federais, as representantes do
movimento louvam a iniciativa
do governo. "Os pontos fortes do
projeto são a sua coerência, o fato
de o programa não se basear só
em números, de possibilitar o diálogo com a sociedade e de ser flexível", afirma Andrade.
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