São Paulo, quinta-feira, 14 de outubro de 2004

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VIOLÊNCIA

Para investigadores, seqüestradores assassinaram filha de político do ABC por temer que ela depois os reconhecesse

Polícia prende 6 suspeitos de matar menina de 10 anos

DO "AGORA"

A Polícia Civil de Rio Grande da Serra (ABC paulista) prendeu anteontem seis pessoas suspeitas de participação no seqüestro seguido de morte da menina Emile Perez de Souza, de 10 anos. Ela, que havia sido levada no dia 3, era filha de Nilson Gonçalves de Souza, candidato derrotado a vice-prefeito da cidade pelo PL.
Além do agricultor que encontrou o corpo de Emile na semana passada, foram presos outros quatro homens e uma mulher.
Ontem à tarde, quando eram levados para o IML de Santo André para exame de corpo de delito, os seis acusados foram chutados e xingados por cerca de cem pessoas que estavam na porta do distrito policial de Rio Grande da Serra. O local precisou ser cercado pela Polícia Militar.
Um outro suspeito, que já era investigado, está detido em Ribeirão Pires, cidade vizinha, acusado de tentativa de estupro.
Para o delegado Luiz Alberto de Souza Ferreira, a morte de Emile não foi motivada por briga política, como se cogitava, mas por seqüestro. Segundo acredita, Emile foi morta por ter condições de reconhecer os criminosos se tivesse sido libertada com vida após o pagamento dos R$ 10 mil que iriam ser exigidos pela quadrilha.
"Na medida em que o cerco se fechou e a polícia e a população foram chegando perto dos criminosos, eles se desesperaram, mataram a menina e jogaram o corpo naquele lugar", disse Ferreira.

"Visões divinas"
Na manhã do último dia 7, um agricultor ligou para a polícia e disse ter encontrado, após duas "visões divinas", o corpo de Emile, que estava esfaqueado e dentro de um saco, na estrada do Caracu. A policia não acreditou na versão e começou a investigá-lo.
Outra importante pista que sustentou as prisões foram os depoimentos contraditórios da mulher presa. A princípio, ela se declarou como sendo a última pessoa a estar com Emile e a deixá-la em sua casa, mas o irmão da vítima, um menino de 11 anos, a desmentiu. No primeiro depoimento, ela disse ter percorrido um determinado caminho; no segundo, mudou a versão. A contradição chamou a atenção dos policiais.
A polícia também acredita que o agricultor tenha visto quem jogou o corpo de Emile na estrada e que ele tenha tentado encobrir a participação de mais pessoas.
Todos os suspeitos são ligados à comunidade evangélica de Rio Grande da Serra e conheciam bem a família da menina.
Os acusados não foram apresentados à imprensa nem puderam falar. Eles ficarão detidos por cinco dias. Depois disso, a polícia acredita que terá provas suficientes para pedir a prisão temporária do grupo.
(ANDRÉ CARAMANTE)


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