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VIOLÊNCIA
Para investigadores, seqüestradores assassinaram filha de político do ABC por temer que ela depois os reconhecesse
Polícia prende 6 suspeitos de matar menina de 10 anos
DO "AGORA"
A Polícia Civil de Rio Grande da
Serra (ABC paulista) prendeu anteontem seis pessoas suspeitas de
participação no seqüestro seguido de morte da menina Emile Perez de Souza, de 10 anos. Ela, que
havia sido levada no dia 3, era filha de Nilson Gonçalves de Souza,
candidato derrotado a vice-prefeito da cidade pelo PL.
Além do agricultor que encontrou o corpo de Emile na semana
passada, foram presos outros
quatro homens e uma mulher.
Ontem à tarde, quando eram levados para o IML de Santo André
para exame de corpo de delito, os
seis acusados foram chutados e
xingados por cerca de cem pessoas que estavam na porta do distrito policial de Rio Grande da
Serra. O local precisou ser cercado
pela Polícia Militar.
Um outro suspeito, que já era
investigado, está detido em Ribeirão Pires, cidade vizinha, acusado
de tentativa de estupro.
Para o delegado Luiz Alberto de
Souza Ferreira, a morte de Emile
não foi motivada por briga política, como se cogitava, mas por seqüestro. Segundo acredita, Emile
foi morta por ter condições de reconhecer os criminosos se tivesse
sido libertada com vida após o pagamento dos R$ 10 mil que iriam
ser exigidos pela quadrilha.
"Na medida em que o cerco se
fechou e a polícia e a população
foram chegando perto dos criminosos, eles se desesperaram, mataram a menina e jogaram o corpo naquele lugar", disse Ferreira.
"Visões divinas"
Na manhã do último dia 7, um
agricultor ligou para a polícia e
disse ter encontrado, após duas
"visões divinas", o corpo de Emile, que estava esfaqueado e dentro
de um saco, na estrada do Caracu.
A policia não acreditou na versão
e começou a investigá-lo.
Outra importante pista que sustentou as prisões foram os depoimentos contraditórios da mulher
presa. A princípio, ela se declarou
como sendo a última pessoa a estar com Emile e a deixá-la em sua
casa, mas o irmão da vítima, um
menino de 11 anos, a desmentiu.
No primeiro depoimento, ela disse ter percorrido um determinado
caminho; no segundo, mudou a
versão. A contradição chamou a
atenção dos policiais.
A polícia também acredita que o
agricultor tenha visto quem jogou
o corpo de Emile na estrada e que
ele tenha tentado encobrir a participação de mais pessoas.
Todos os suspeitos são ligados à
comunidade evangélica de Rio
Grande da Serra e conheciam
bem a família da menina.
Os acusados não foram apresentados à imprensa nem puderam falar. Eles ficarão detidos por
cinco dias. Depois disso, a polícia
acredita que terá provas suficientes para pedir a prisão temporária
do grupo.
(ANDRÉ CARAMANTE)
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