São Paulo, Domingo, 14 de Novembro de 1999
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CUPIDO NA ACADEMIA
Para a psicóloga Noely Montes Moraes, os tímidos valorizam demais a opinião dos outros
Timidez atinge 4 em cada 10 pessoas

da Reportagem Local

De cada dez pessoas, estima-se que pelo menos quatro delas sofram com a timidez. O que não as impede de tocar suas vidas, paquerar e casar. Estimativas -sempre norte-americanas- calculam que 92% das pessoas vivem uma situação de casamento em algum momento da vida.
O problema -diz o professor Ailton Amélio da Silva- é que os tímidos têm as suas opções diminuídas. Não significa necessariamente que os tímidos são mais infelizes no casamento, mas é certo que suas escolhas foram mais pobres e limitadas. "No mercado amoroso, o tímido sai perdendo", diz a psicóloga Noely Montes Moraes, da PUC de São Paulo.
A timidez resulta, especialmente, do meio em que a criança cresceu e de características de sua personalidade. "O tímido coloca um peso muito grande na opinião das outras pessoas", diz Noely.
Segundo ela, o tímido sofre da "síndrome do holofote". Ao atravessar um salão de baile ou o corredor de um bar ou ser chamado pelo chefe imagina que todos os olhares estão sobre ele.
Para o behaviorista, como a equipe do professor Silva, a timidez pode ser reduzida com treinamento e exposição. Já os junguianos, como a professora Noely, procuram saber qual o sentido dessa timidez.

O amor é míope
Silva costuma dizer que o amor é míope, não cego. Quer dizer, as pessoas apaixonadas podem não enxergar tudo direitinho, mas o lado racional do cérebro vigia todas as suas escolhas.
Apenas um exemplo: perguntadas sobre as características ou defeitos que impediriam totalmente um relacionamento (veja quadro ao lado), as pessoas citaram a arrogância, a prepotência e uma grande diferença de idade. Defeito físico grave vem em sétimo lugar, e o machismo, em oitavo.
A lista certamente não reflete a verdade, é apenas politicamente correta. No fundo, quando as pessoas estão escolhendo um parceiro empregam filtros extremamente racionais e até cruéis. Na grande maioria dos casos -dizem os especialistas- esses filtros ficam apenas no inconsciente. Uma espécie de vigia que o cérebro mantém sobre o coração. (AURELIANO BIANCARELLI)


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