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PF investiga esquema
de agiotagem no RS
SANDRA HAHN
da Agência Folha, em Porto Alegre
A Polícia Federal em Bagé (RS),
município próximo à fronteira
com o Uruguai, está investigando
um megaesquema de agiotagem
em funcionamento na cidade, que
lesou grande número de pessoas.
O chefe da PF (Polícia Federal)
em Bagé, delegado Pio Vergara
Alonso, pediu a quebra de sigilo
bancário de dois dos três suspeitos
de comandar o esquema. O principal suspeito já teve suas contas devassadas pela Receita Federal.
A ação dos agiotas teria ruído em
Bagé -município de 114 mil habitantes, a 383 km de Porto Alegre
(RS)- quando começaram a circular boatos de que os controladores do negócio deixariam a cidade,
em novembro.
O esquema funcionava com aplicadores e tomadores de crédito. Os
agiotas recebiam um cheque e, em
troca, entregavam outro pré-datado acrescentando juros sobre o valor, a ser descontado em 30 dias.
O agiota repassava o cheque para
um tomador de crédito com juros
mais altos que os da operação anterior e formava a corrente.
Quando começaram os boatos, o
sistema teria começado a falhar,
provocando saques fora do prazo
previsto nos cheques.
A PF não tem dados ainda para
avaliar a quantidade de pessoas lesadas ou o prejuízo sofrido por
elas. Um dos suspeitos operava
uma empresa de factoring, mas assinava cheques como pessoa física.
O delegado pediu informações ao
Banco Central ontem para saber se
a prática é legal.
A procuradora-chefe do Ministério Público Federal no Estado,
Carla Veríssimo de Carli, informou que vários inquéritos estão
em andamento na procuradoria,
mas ainda em fase inicial.
A ação dos agiotas caracteriza,
na avaliação da procuradoria, crime contra o sistema financeiro nacional e está sendo investigada pelo MP desde novembro.
Este tipo de crime está previsto
na lei 7.492/86. O dispositivo prevê
punições para pessoas que praticam atos característicos de uma
instituição financeira sem autorização do Banco Central.
A PF já foi procurada por cinco
pessoas que se disseram lesadas
pelo esquema de agiotagem.
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