São Paulo, terça-feira, 15 de fevereiro de 2000


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Para Pinotti, discriminação é antiética

da Reportagem Local

O professor José Aristodemo Pinotti acredita que a Justiça deverá reconsiderar sua posição com relação à "dupla porta" quando a ação for julgada em instâncias superiores.
"Considero antiético e inconcebível que se atenda pessoas de forma diferente num mesmo local público", afirmou.
Pinotti, que é titular de ginecologia do Hospital das Clínicas, disse que em seu departamento nunca haverá "porta diferenciada". "Eu não conseguiria ensinar dentro de um hospital que faz esse tipo de discriminação."
Além do argumento ético e moral, Pinotti alega que a participação do setor privado é "insignificante" diante dos gastos do HC. Segundo seus dados, os pacientes conveniados representam apenas 3% do dinheiro que entra no hospital, considerando o pagamento do SUS e os recursos do Tesouro do Estado ali injetados. "Se o Instituto Central do Hospital das Clínicas atendesse apenas 10% mais de pacientes do SUS, já cobriria esses 3% sem ter que lançar mão de discriminações."
Para ele, existe uma "enorme demanda reprimida" de pacientes do SUS que o HC teria condições de atender. "Não tenho nada contra os convênios. Mas os doentes conveniados têm a opção de procurar o Einstein, o Sírio, a Beneficência, enquanto a maioria dos pacientes do SUS só conta com o Hospital das Clínicas como centro de referência."
O deputado estadual Roberto Gouveia (PT), que na época comemorou a representação do Ministério Público como um ato de "respeito à ética e à cidadania", é autor de um projeto de emenda constitucional que obriga Estados e municípios a investirem em saúde um mínimo de 10% de seus orçamentos. Com esses valores, o dinheiro da "segunda porta" não seria necessário.
Para o Estado, o recurso extra permite a manutenção de profissionais atraídos por uma complementação salarial.



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