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HOSPITAIS
Instituto atende sistema público de saúde
Hemorio quer ter mais estoque de sangue
FERNANDA DA ESCÓSSIA
da Sucursal do Rio
Preocupado em manter o estoque de sangue para o Carnaval, o
Hemorio (Instituto Estadual de
Hematologia Arthur de Siqueira
Cavalcante) quer aumentar de
350 para pelo menos 500 as doações diárias de sangue.
Hoje o Hemorio trabalha com
um estoque de sangue suficiente
para cerca de três dias. É pouco
para o período de Carnaval, em
geral, crítico. Nos quatro dias no
ano passado, houve 548 doadores, apenas 137 por dia, menos da
metade do necessário para garantir o fornecimento de sangue.
Para reforçar os estoques, o hemocentro -que fornece sangue
para 60% do sistema público de
saúde fluminense- e mais quatro hospitais vão manter os postos de coleta abertos das 7h às
17h no dia 26 de fevereiro (uma
semana antes do Carnaval).
"Não há crise nem falta de sangue, mas, quando o assunto é
doação, nunca há abundância",
afirma a diretora do Hemorio,
Katia Motta.
O número de doadores está
crescendo: foram 96 mil doadores em 1998 e 104 mil em 1999, segundo Luiz Amorim, chefe do
serviço de hemoterapia.
Uma pesquisa feita em 1998
mostrou o perfil do doador do
sistema público no Rio: é homem, ganha de dois a cinco salários mínimos, tem entre 18 e 30
anos e cursou até o 1º Grau
(completo ou incompleto). Pelos
dados do Hemorio, 47% dos
doadores ganham de dois a cinco salários mínimos; 27% estão
desempregados ou ganham até
dois salários; 6% ganham de cinco a nove salários; 7% ganham
de 10 a 15 salários; 4% ganham
mais de 15 salários, e 9% não disseram quanto ganham.
Para Luiz Amorim, a prevalência de pessoas de baixa renda entre os doadores tem explicações.
"Até 1980, a doação era paga, o
que atraía mais pessoas pobres
ou de baixa renda. Outra razão é
que os doadores são normalmente parentes de pacientes
usuários do sistema público.
Acho também que os mais pobres são mais solidários", afirma.
No Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (zona norte), ligado à Universidade Federal do Rio de Janeiro, o número
de doadores em janeiro caiu de
60 para 30 por dia. Resultado:
uma paciente teve a cirurgia cardíaca adiada duas vezes.
Na semana passada, o estoque
de sangue do tipo O positivo estava quase a zero. Esse tipo de
sangue é o mais difícil, porque
pode ser doado a qualquer pessoa, sem risco de rejeição.
"Temos sangue para mais alguns dias, mas preciso melhorar
o estoque. Não gosto de dizer
que vai faltar. Prefiro acreditar
que vão aparecer doadores",
afirmou a chefe do serviço de hemoterapia do hospital, Carmen
Nogueira.
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