São Paulo, terça-feira, 15 de fevereiro de 2000


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

HOSPITAIS
Instituto atende sistema público de saúde
Hemorio quer ter mais estoque de sangue

FERNANDA DA ESCÓSSIA
da Sucursal do Rio

Preocupado em manter o estoque de sangue para o Carnaval, o Hemorio (Instituto Estadual de Hematologia Arthur de Siqueira Cavalcante) quer aumentar de 350 para pelo menos 500 as doações diárias de sangue.
Hoje o Hemorio trabalha com um estoque de sangue suficiente para cerca de três dias. É pouco para o período de Carnaval, em geral, crítico. Nos quatro dias no ano passado, houve 548 doadores, apenas 137 por dia, menos da metade do necessário para garantir o fornecimento de sangue.
Para reforçar os estoques, o hemocentro -que fornece sangue para 60% do sistema público de saúde fluminense- e mais quatro hospitais vão manter os postos de coleta abertos das 7h às 17h no dia 26 de fevereiro (uma semana antes do Carnaval).
"Não há crise nem falta de sangue, mas, quando o assunto é doação, nunca há abundância", afirma a diretora do Hemorio, Katia Motta.
O número de doadores está crescendo: foram 96 mil doadores em 1998 e 104 mil em 1999, segundo Luiz Amorim, chefe do serviço de hemoterapia.
Uma pesquisa feita em 1998 mostrou o perfil do doador do sistema público no Rio: é homem, ganha de dois a cinco salários mínimos, tem entre 18 e 30 anos e cursou até o 1º Grau (completo ou incompleto). Pelos dados do Hemorio, 47% dos doadores ganham de dois a cinco salários mínimos; 27% estão desempregados ou ganham até dois salários; 6% ganham de cinco a nove salários; 7% ganham de 10 a 15 salários; 4% ganham mais de 15 salários, e 9% não disseram quanto ganham.
Para Luiz Amorim, a prevalência de pessoas de baixa renda entre os doadores tem explicações.
"Até 1980, a doação era paga, o que atraía mais pessoas pobres ou de baixa renda. Outra razão é que os doadores são normalmente parentes de pacientes usuários do sistema público. Acho também que os mais pobres são mais solidários", afirma.
No Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (zona norte), ligado à Universidade Federal do Rio de Janeiro, o número de doadores em janeiro caiu de 60 para 30 por dia. Resultado: uma paciente teve a cirurgia cardíaca adiada duas vezes.
Na semana passada, o estoque de sangue do tipo O positivo estava quase a zero. Esse tipo de sangue é o mais difícil, porque pode ser doado a qualquer pessoa, sem risco de rejeição.
"Temos sangue para mais alguns dias, mas preciso melhorar o estoque. Não gosto de dizer que vai faltar. Prefiro acreditar que vão aparecer doadores", afirmou a chefe do serviço de hemoterapia do hospital, Carmen Nogueira.



Texto Anterior: Para Pinotti, discriminação é antiética
Próximo Texto: Falta de sangue adia cirurgia
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.