São Paulo, terça-feira, 15 de fevereiro de 2000


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Rapaz morto em chacina trocou família pelo tráfico no morro

da Sucursal do Rio

Há duas semanas, um outro caso de envolvimento de jovens de classe média na criminalidade chocou o Rio: a morte de F.B., 16, um garoto de uma família de Laranjeiras (zona sul) que entrou para o tráfico de drogas.
Na disputa entre grupos rivais de traficantes pelos pontos-de-venda no morro do Cerro-Corá, em Laranjeiras, acabou morto, junto com mais cinco membros da mesma quadrilha.
F. estudou até a 6ª série no colégio Cruzeiro, uma das melhores escolas do Rio, de tradição alemã. De acordo com relatos de moradores do Cerro-Corá, o garoto frequentava o morro havia aproximadamente três anos, onde comprava drogas. Fez amizades e acabou entrando para o tráfico. Há dois anos, saiu do apartamento dos pais e foi para o morro.
Os pais de F. foram inúmeras vezes ao morro pedir que ele voltasse para casa. Prometiam moto, casa, carro, viagens, o que ele quisesse. F. entrava pelas vielas e se escondia dos pais.
Na 2ª Vara da Infância e da Juventude do Rio, por onde passam menores infratores, não há estatísticas seguras sobre o percentual de garotos de classe média envolvidos com crimes.
Pelos relatos das audiências, porém, o juiz Guaraci de Campos Vianna calcula que, dos 25 mil processos em andamento, de 15% a 25% se referem a jovens de classes média e alta, quase sempre em casos de uso e tráfico de drogas, roubos de carro e pichações.
"Há três anos, isso era baixíssimo, de 3% a 5%. Envolvimentos graves são mais raros, mas temos alguns casos assim, de jovens que estão até em perigo de vida."
Quando entra para o tráfico, um jovem põe a família em risco, porque precisa dar algumas "garantias", como nome, profissão e endereço dos pais. Há casos de famílias que precisam mudar de casa.


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