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Rapaz morto em chacina trocou família pelo tráfico no morro
da Sucursal do Rio
Há duas semanas, um outro caso de envolvimento de jovens de
classe média na criminalidade
chocou o Rio: a morte de F.B., 16,
um garoto de uma família de Laranjeiras (zona sul) que entrou
para o tráfico de drogas.
Na disputa entre grupos rivais
de traficantes pelos pontos-de-venda no morro do Cerro-Corá,
em Laranjeiras, acabou morto,
junto com mais cinco membros
da mesma quadrilha.
F. estudou até a 6ª série no colégio Cruzeiro, uma das melhores
escolas do Rio, de tradição alemã.
De acordo com relatos de moradores do Cerro-Corá, o garoto
frequentava o morro havia aproximadamente três anos, onde
comprava drogas. Fez amizades e
acabou entrando para o tráfico.
Há dois anos, saiu do apartamento dos pais e foi para o morro.
Os pais de F. foram inúmeras
vezes ao morro pedir que ele voltasse para casa. Prometiam moto,
casa, carro, viagens, o que ele quisesse. F. entrava pelas vielas e se
escondia dos pais.
Na 2ª Vara da Infância e da Juventude do Rio, por onde passam
menores infratores, não há estatísticas seguras sobre o percentual
de garotos de classe média envolvidos com crimes.
Pelos relatos das audiências, porém, o juiz Guaraci de Campos
Vianna calcula que, dos 25 mil
processos em andamento, de 15%
a 25% se referem a jovens de classes média e alta, quase sempre em
casos de uso e tráfico de drogas,
roubos de carro e pichações.
"Há três anos, isso era baixíssimo, de 3% a 5%. Envolvimentos
graves são mais raros, mas temos
alguns casos assim, de jovens que
estão até em perigo de vida."
Quando entra para o tráfico, um
jovem põe a família em risco, porque precisa dar algumas "garantias", como nome, profissão e endereço dos pais. Há casos de famílias que precisam mudar de casa.
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