|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Especialista critica "mito da periculosidade" do adolescente
DA FOLHA RIBEIRÃO
Apesar da queda no ritmo, a
internação de adolescentes
ainda é alta e a "prisionalização" é a tendência para o tratamento de crianças e adolescentes no Brasil, na opinião da subsecretária nacional da Promoção dos Direitos da Criança e
Adolescente, Carmen Silveira
de Oliveira.
Para ela, a escolha pela internação, em vez de penas alternativas, vêm do mito da periculosidade do adolescente. "O mito
da periculosidade está estimulando o juiz a segurar mais meninos na internação provisória,
enquanto não se decide o que
será feito com ele", disse.
O mito, segundo ela, é estimulado por discussões passionais em casos como o do adolescente acusado de matar Liana Friedenbach e, mais recentemente, do menino João Hélio
Fernandes, morto no Rio. "Esses dois são casos atípicos. A
maioria dos adolescentes pratica crimes contra o patrimônio,
como roubo e furto", disse.
"Em ondas como essas de
clamor público, em vez de as
pessoas apostarem em meios
de mudança, movidas pela
emoção, admitem que é melhor
o adolescente entrar no falido
sistema prisional", afirmou.
A pouca atenção dada à semiliberdade, que é a forma mais
branda de internação, também
pode ser vista no raio-x da ocupação das unidades para jovens
infratores no país.
Enquanto regimes de internação e internação provisória
registram superlotação de
5,28% (14.192 meninos onde
cabem 13.407), sobram 732 vagas na semiliberdade, o equivalente a 37,2% das 1.966 vagas
oferecidas pelo sistema.
O levantamento mostra, ainda, uma diferença substancial
no tratamento à semiliberdade
nos dois Estados do Sudeste
que têm mais internos. Enquanto São Paulo tem 93,63%
dos seus infratores internados
e apenas 6,37%, em semiliberdade, no Rio os índices são, respectivamente, de 65,92% e
34,08%.
Texto Anterior: Ritmo de internação de jovem infrator diminui Próximo Texto: Pasquale Cipro Neto: Conectando Índice
|