São Paulo, quinta-feira, 15 de abril de 2004

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Metade das internações já supera dois anos

DA REPORTAGEM LOCAL

Eles são meninos (58,5%), negros ou pardos (63,6%), têm entre 7 e 15 anos (61,3%) e estão há mais de dois anos nas instituições (51,9%). Esse é o perfil de mais da metade dos abrigados da rede.
Os dados indicam que a vida fora do abrigo parece cada vez mais longe: quase 7.000 menores têm mais de 12 anos (34%) e pelo menos 1.200 deles (6% do total) estão nas instituições há mais de dez .
O período é excessivo. Especialistas avaliam que cerca de um ano e meio é tempo bastante para avaliar a possibilidade de reintegração à família ou determinar a destituição do pátrio poder.
"Como, em geral, não há trabalho consistente com os pais, a internação se arrasta. Afinal, ninguém tem coragem de fazer isso [destituir o pátrio poder] sem ter certeza de que não há outro jeito", avalia Elizabete Rosa, 41, coordenadora de promoção social da Fundação Orsa.
O tempo perdido tem conseqüências irreversíveis. "Esses adolescentes "institucionalizados" apresentam sérios problemas relacionados à construção da identidade, pela ausência de convivência com a família e com a comunidade", diz Enid Rocha, do Ipea.
"A proteção é um direito da criança, mas a convivência familiar também é", afirma a psicóloga Dayse Cesar Franco, 48, presidente da Associação dos Assistentes Sociais e Psicólogos do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo.
A entidade se juntou a outras e ao TJ e, em março, firmaram protocolo de intenções para capacitar agentes envolvidos em abrigos de Registro e Guarulhos.
A Fundação Orsa entregou, durante um ano, R$ 150 mensais às famílias de 226 crianças abrigadas na zona oeste de São Paulo e manteve com elas reuniões de apoio. Ao final, 81% dos menores voltaram para casa. (SC)


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