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Metade das internações já supera dois anos
DA REPORTAGEM LOCAL
Eles são meninos (58,5%), negros ou pardos (63,6%), têm entre
7 e 15 anos (61,3%) e estão há mais
de dois anos nas instituições
(51,9%). Esse é o perfil de mais da
metade dos abrigados da rede.
Os dados indicam que a vida fora do abrigo parece cada vez mais
longe: quase 7.000 menores têm
mais de 12 anos (34%) e pelo menos 1.200 deles (6% do total) estão
nas instituições há mais de dez .
O período é excessivo. Especialistas avaliam que cerca de um
ano e meio é tempo bastante para
avaliar a possibilidade de reintegração à família ou determinar a
destituição do pátrio poder.
"Como, em geral, não há trabalho consistente com os pais, a internação se arrasta. Afinal, ninguém tem coragem de fazer isso
[destituir o pátrio poder] sem ter
certeza de que não há outro jeito",
avalia Elizabete Rosa, 41, coordenadora de promoção social da
Fundação Orsa.
O tempo perdido tem conseqüências irreversíveis. "Esses
adolescentes "institucionalizados"
apresentam sérios problemas relacionados à construção da identidade, pela ausência de convivência com a família e com a comunidade", diz Enid Rocha, do Ipea.
"A proteção é um direito da
criança, mas a convivência familiar também é", afirma a psicóloga
Dayse Cesar Franco, 48, presidente da Associação dos Assistentes
Sociais e Psicólogos do Tribunal
de Justiça do Estado de São Paulo.
A entidade se juntou a outras e
ao TJ e, em março, firmaram protocolo de intenções para capacitar
agentes envolvidos em abrigos de
Registro e Guarulhos.
A Fundação Orsa entregou, durante um ano, R$ 150 mensais às
famílias de 226 crianças abrigadas
na zona oeste de São Paulo e manteve com elas reuniões de apoio.
Ao final, 81% dos menores voltaram para casa.
(SC)
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