São Paulo, quarta, 15 de abril de 1998

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SEQUESTRO DE DINIZ 2
Decisão foi tomada pelo secretário da Administração Penitenciária; parlamentares foram à prisão ontem
Presos devem ser mandados a enfermaria

da Reportagem Local

Os sequestradores do empresário Abílio Diniz devem começar a ser transferidos hoje de suas celas para as enfermarias das penitenciárias feminina e masculina do complexo do Carandiru (zona norte de São Paulo).
A decisão foi tomada pelo secretário da Administração Penitenciária, João Benedicto de Azevedo Marques. Ele recebeu ontem uma comissão de parlamentares do PT e do PCdoB e de membros do comitê de apoio aos sequestradores que pediu que a greve de fome fosse acompanhada por médicos.
"O departamento médico das prisões irá determinar quando os sequestradores não poderão mais ficar no convívio dos demais presos. Cada caso será analisado individualmente, pois cabe ao governo cuidar da saúde e da segurança dos presos", disse o secretário.
Segundo ele, existem 14 médicos na Penitenciária do Estado, que abriga os oito homens presos pelo sequestro, e quatro na penitenciária feminina, onde estão as duas mulheres condenadas pelo crime.
Ontem os presos completaram as primeiras 24 horas da declaração de greve de fome. O que mais preocupa parlamentares e membros do comitê de apoio aos sequestradores é o estado de saúde da chilena Maria Emília Marchi.
"Ela tem uma lesão pulmonar, que é uma sequela da tortura a que ela foi submetida após a sua prisão no Brasil", disse Begoña Ojeda, 27, filha de Maria Emília. Segundo ela, sua mãe está disposta a ir até ao fim na greve de fome.
Ela visitou a mãe ontem na penitenciária. "Ela estava com dor de cabeça e com tontura", disse Begoña. Além dela, as presas também receberam a visita de uma comissão de cinco parlamentares de oposição -três deputados estaduais e dois federais.
A visita durou duas horas. A partir de hoje, os sequestradores serão visitados todos os dias por um dos deputados da comissão.

Homens
Os oito sequestradores presos na Penitenciária do Estado foram visitados pelo advogado que os defende, Iberê Bandeira de Melo. Segundo ele, todos estão bem dispostos e "firmes no propósito" de continuar a greve de fome.
Durante a reunião da comissão com o secretário, também ficou decidido que os familiares dos sequestradores teriam direito a um dia extra de visita aos presos por semana, pois são estrangeiros que dificilmente vêm ao Brasil.
O Comitê Pela Libertação dos Presos Políticos Internacionalistas divulgou ontem mais um comunicado dos presos assinado pelos canadenses Christine Gwen Lamont e David Robert Spencer.
Eles recusaram por escrito a proposta do governo brasileiro de repatriá-los para o Canadá, onde cumpririam o resto da pena. (MG)


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