São Paulo, quarta, 15 de abril de 1998

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Familiares se reúnem com dom Paulo

da Reportagem Local

O arcebispo de São Paulo, dom Paulo Evaristo Arns, se reuniu ontem à tarde com os familiares das duas sequestradoras do empresário Abílio Diniz e com membros do comitê que pede a libertação dos presos.
A reunião aconteceu na sede da Cúria Metropolitana, na rua Higienópolis, em Higienópolis (região central de São Paulo), e durou cerca de 20 minutos.
Nela, os familiares entregaram ao religioso cópias dos três manifestos divulgados pelos sequestradores desde o início da greve de fome dos dez presos.
Dom Paulo não quis dar entrevista sobre o caso. "Ele vai analisar os documentos e, só então, decidirá se irá ou não tomar uma posição sobre o caso", disse Breno Altman, porta-voz do comitê de apoio aos sequestradores.
Além dele estiveram com o arcebispo de São Paulo a atriz Elizabeth Lamont, irmã da canadense Christine Lamont, Begoña Ojeda, filha da chilena Maria Emília Marchi. Maria Emília estava acompanhada pelo marido, o artista plástico Gustavo Serra, 31, e pela filha do casal, Raien, de três meses.
"O governo só assinou o tratado com o Canadá para tentar parar a greve de fome. Minha mãe não irá ceder, ela não vai parar a greve enquanto não for assinado o decreto de expulsão dos presos", afirmou Begoña ao deixar a cúria.
Antropóloga, ela é filha do primeiro casamento de Maria Emília. Seu pai morreu ao enfrentar a polícia chilena em Santiago (Chile) no dia do golpe militar que derrubou o governo do socialista Salvador Allende, em setembro de 1973.
A exemplo de sua mãe, seu pai era membro do MIR (Movimento da Esquerda Revolucionária). "Minha mãe sempre teve uma vida de militância política", disse .

Familiares
Segundo Begoña, os familiares dos sequestradores pretendem começar greves de fome no Chile e na Argentina em apoio ao movimentos dos presos.
"Só não irei participar da greve porque tenho que amamentar minha filha pequena", afirmou. Begoña mora em Montevidéu (Uruguai), onde reside seu irmão Marco De Toro, 19, filho do segundo casamento de Maria Emília.
"Queremos uma solução para todos os presos, que é a expulsão dos estrangeiros e o indulto ao brasileiro", disse.
Essa é a mesma opinião de Elizabeth Lamont. "Minha irmã (Christine) poderia aceitar o tratado, mas ela decidiu não deixar os camaradas que arriscaram suas vidas junto com ela em defesa da guerrilha de El Salvador", disse.
Ela afirmou que sua irmã pertencia às Forças Populares de Libertação, um dos grupos que compunham a Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional, a antiga guerrilha salvadorenha. (MG)


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