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Como seria lindo se eu fosse o Abílio Diniz!
BARBARA GANCIA
Colunista da Folha
Se eu fosse o Abílio Diniz,
não deixaria passar em branco
a greve de fome que seus algozes canadenses só tiveram o estalo de iniciar agora, a quase
uma década de distância do
sequestro do empresário.
Não, leitor pobre de espírito.
Se eu fosse o Diniz, não sairia
correndo para fazer compras
na joalheria Harry Winston da
5ª avenida, na Sotheby's de
Londres ou na Maison Dior da
avenue Montaigne, enquanto
meu jato particular ficasse esperando de turbinas ligadas
para me conduzir a um
fim-de-semana de lascívia em
Lyford Keys, nas Bahamas.
Preferiria usar meu poder de
bala para torturar mortalmente esses mimadinhos desses canadenses de uma figa, que,
uma vez pegos com a boca na
botija, praticando um crime
hediondo, foram condenados
em um julgamento para lá de
imparcial, fiscalizado, inclusive, por entidades de direitos
humanos e pela representação
diplomática do Canadá.
Se eu fosse o Abílio Diniz,
usaria os serviços do Pão de
Açúcar Delivery para bombardear o Carandiru, onde os canadenses se hospedam à nossa
custa, com a entrega de cestas
variadíssimas.
A saber: na primeira cesta,
colocaria alguns acepipes. Batatinhas assadas recheadas de
creme azedo e caviar iraniano;
finas fatias de salmão defumado (canadense, só para chatear) sobre pão preto (sem
aquela desgraça de dill, que tira todo o sabor do peixe); um
foie gras, daqueles de impor
respeito ao general De Gaulle,
e ainda algumas tigelinhas de
bacalhau, só para deixá-los
babando com o aroma.
Depois, para testar se eles
realmente estão dispostos a levar a greve de fome até as últimas consequências, desfilaria
na frente dos malandrinhos
uma cesta munida de um presunto de Parma bem grandão,
acompanhada de queijos de
todas as regiões da França e de
um belíssimo parmesão.
A seguir, o golpe mortal: a
entrada pelos portões do Carandiru de cestas repletas de
risotos italianos, confits de canard, perus de Ação de Graças,
daqueles que fazem os americanos revirar os olhos, e toda
sorte de comida que exala odores de dar água na boca.
Terminaria com uma cesta
contendo apenas bananas.
Não as que os macacos apreciam, mas aquelas que italianos como eu gostam de dar,
cruzando os braços, a quem
merece ir catar coquinho.
QUALQUER NOTA
"Rolling Raisins"
Queria ver se aquelas uvas passas
carcomidas dos Rolling Stones
fossem mulheres. Seriam elas consideradas coroas enxutas ou corridas do palco à base de tomates podres?
Solo para hombres
Você percebeu, ó leitora sufragista, que não havia uma só mulher nas arquibancadas do GP da
Argentina de Fórmula 1?
Dá-lhe Marta!
Recebo um gentil bilhete de
Marta Suplicy, contestando meu
comentário a respeito de sua capacidade para dirigir São Paulo. Diz
ela que tem estudado muito e
"aprendido coisas incríveis" e que
"neste final de milênio, um dos
principais ingredientes para o administrador é a capacidade de gerenciar e formar uma equipe, além
do ingrediente fundamental: ter
ética".
E-mail barbara@uol.com.br
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