São Paulo, quarta, 15 de abril de 1998

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SEGURANÇA
Anteprojeto, que ainda precisa ser aprovado, acaba com exigência de permissão para casar
PM mineira conclui novo regimento

FÁBIA PRATES
da Agência Folha, em Belo Horizonte

Uma comissão composta por oficiais e representantes de soldados, cabos, sargentos e subtenentes da Polícia Militar mineira concluiu na semana passada o anteprojeto que vai alterar o regimento disciplinar da corporação.
Entre as mudanças propostas está, por exemplo, a diminuição das punições de militares infratores e participação de não-oficiais nos conselhos de disciplinas.
Segundo o assessor de comunicação da PM mineira, tenente-coronel Rúbio Paulino Coelho, o anteprojeto propõe que o conselho de disciplina, que antes era formado por três oficiais, tenha também participação dos não-oficiais, um sargento ou um subtenente, para julgar soldados e cabos.
O conselho de disciplina julga os policiais que cometem crime e estabelece as punições.
Militares com menos de cinco anos de trabalho que cometerem faltas graves terão o direito de defesa ampliado. Hoje, eles são expulsos em processos sumários.
O tempo máximo de prisão para militares que cometam faltas graves será reduzido de 30 para 20 dias. E quando o período de prisão for de até três dias, os não-oficiais poderão cumpri-la em casa e não necessariamente nos quartéis. Esse privilégio, no atual regimento, é limitado aos oficiais.
O anteprojeto que mudará o atual regimento põe fim também a uma exigência considerada absurda pelos policiais: pedir autorização ao comando para se casar.
Para entrar em vigor, as mudanças precisam ser aprovadas pelo Comando da PM, que já analisa as sugestões, e submetidas ao governador Eduardo Azeredo (PSDB).

Participação

A mudança no regimento disciplinar foi uma das reivindicações dos policiais durante greve que parou a Polícia Militar mineira em junho do ano passado.
Segundo o assessor da PM, as mudanças já vinham sendo discutidas antes do protesto -"há mais de dois anos", disse.
Uma consequência direta do protesto, segundo ele, foi a presença dos praças na comissão que discutiu as mudanças. A comissão, composta por 15 pessoas, teve, além de oficiais da ativa, representantes da Associação de Sargentos e Subtenentes, do Clube de Cabos e Soldados, do Clube dos Oficiais e dos policiais da reserva.
"O regimento vai evoluir muito. Vai ser mais democrático e mais humano", disse o tenente-coronel Rúbio Coelho.
Segundo o subtenente Weliton de Jesus, presidente da Associação de Sargentos, a participação dos não-oficiais na elaboração do anteprojeto e a proposta de eles participarem dos conselhos de disciplina são as principais evoluções.
Para ele, o novo regulamento ainda deixa a desejar por não permitir que a decisão dos conselhos de disciplinas seja levada para o Tribunal de Justiça Militar.



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