São Paulo, quarta, 15 de abril de 1998

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Controle da doença pode levar dez anos

da Reportagem Local

O Brasil precisará de dez anos de um plano nacional de erradicação efetivo para conseguir manter grandes áreas de território livres do mosquito da dengue. A previsão é do médico sanitarista Nilson Vieira de Melo, secretário executivo da Sucen de São Paulo e um dos autores do plano de erradicação do Aedes aegypti.
"Depois da estratégia implantada, vamos precisar de cinco anos para ver os primeiros resultados", diz. "Erradicação total não acontecerá antes de dez anos."
Melo, que há 15 anos trabalha no combate ao Aedes, diz que o Brasil já recebeu um certificado de erradicação desse mosquito nos anos 40 durante a campanha de combate à febre amarela. Em 1967, o Aedes reapareceu em Belém do Pará, desta vez como transmissor da dengue. "A grande dificuldade é que a erradicação exige uma vigilância ininterrupta", diz Melo.
A vigilância do mosquito -chamada vigilância entomológica- era uma das frentes do plano de erradicação elaborado a partir de 1995, lembra a sanitarista Fabíola Aguiar Nunes, que esteve à frente do programa. "É fundamental um sistema de vigilância que possa monitorar o surgimento e os deslocamentos do Aedes", afirma. A vigilância epidemiológica rastreia os casos da doença, concentrando a atenção em cada ocorrência.
As outras frentes previam um combate químico ao mosquito adulto e uma grande campanha de informação junto à opinião pública. "O governo precisa se valer de todos os meios, até das novelas de TV, para mobilizar a população." Para a médica, a dengue é uma doença nova no Brasil e os médicos precisam ser orientados sobre ela.
"Há muito tempo o país deveria ter se preparado para a epidemia, o que não aconteceu." A tendência -segundo ela- é que os casos de dengue hemorrágica, que podem levar à morte, aumentem com o crescimento da epidemia.
A dengue hemorrágica ocorre quando uma pessoa, que já foi picada por um sorotipo do Aedes, é picada por um segundo, diferente. No continente latino-americano já foram identificados quatro subtipos do mosquito. (AB)


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