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José Serra diz não querer "interesses eleitorais" na saúde
BETINA BERNARDES
da Sucursal de Brasília
O ministro da Saúde, José Serra,
disse ontem que é preciso despolitizar a área de saúde e trabalhar
para que o Programa de Agentes
Comunitários não seja "contaminado" por interesses eleitorais.
"Pode ser uma grande tentação
para políticos em busca de reeleição e eleição procurar utilizar os
agentes como instrumentos. Isso é
normal na vida política eleitoral.
Conheço muito bem porque disputei eleição, durante anos estive
no Congresso e sei muito bem como é que a política funciona."
Até dezembro, o PACS (Programa de Agentes Comunitários da
Saúde) deverá passar dos atuais 55
mil para 100 mil agentes, aumentando o número de pessoas assistidas de 41 milhões para 75 milhões.
Eles estão presentes em 2.203
municípios e a meta é que, até dezembro, esse número chegue a
4.500. Ontem, foram apresentados
25 vídeos de educação à distância
para treinamento dos agentes.
Para Serra, a questão da contratação de pessoal para o PACS é
uma fonte de preocupação.
A verba destinada para o PACS e
o PSF (Programa de Saúde da Família) é de R$ 200 milhões. O recrutamento, o treinamento e a remuneração dos agentes (com os
recursos repassados pelo ministério) estão a cargo dos municípios.
"Temos de cuidar para que, à
medida que o programa vá crescendo e se tornando de âmbito nacional, não haja uma tentativa, do
ponto de vista político, de instrumentá-los (os agentes) como cargos eleitorais. Este é um risco que
existe inclusive dependendo das
formas de contratação."
A solução, de acordo com Serra,
é fazer com que haja uma convergência crescente entre o PACS e o
PSF. O Programa de Saúde da Família se desenvolve com base em
um núcleo formado por um médico, dois auxiliares e seis agentes
comunitários.
"É a estratégia mais segura.
Uma equipe de seis agentes forma
uma célula que é mais difícil de ser
dissolvida por interesses políticos
do que os agentes desacompanhados de uma equipe", afirmou.
O PSF tem 1.806 equipes espalhadas em 620 municípios.
"A ocupação de coordenações
estaduais por indicações políticas
nem sempre leva à melhor solução. Tem de pôr as pessoas pela
capacidade, pela competência,
não porque fulano ou cicrano resolveu apadrinhar."
Especialização
O ministro afirmou que um outro ponto a ser enfrentado para
implantar uma política de saúde
baseada na prevenção a doenças e
em programas como o PACS e o
PSF é a "excessiva especialização"
dos médicos brasileiros.
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