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Alvin Toffler critica
ensino contemporâneo
FERNANDO ROSSETTI
da Reportagem Local
As escolas estão trabalhando
com uma projeção errada de futuro e isso prejudica toda a educação, defendeu ontem o cientista
social e escritor Alvin Toffler.
"O futuro é a justificativa para a
aprendizagem e para a educação.
Portanto, quando você diz que um
garoto precisa ir à escola, pressupõe-se que você saiba o que é necessário que ele aprenda. Mas não
é isso que está acontecendo", afirmou o norte-americano.
"Somos um mundo em transformação, com um futuro em transformação. Só que a maioria das escolas está baseando seu trabalho
na idéia de que o futuro será semelhante ao presente. É um erro."
Toffler falou no seminário "Como se muda um país através da
educação", promovido pela Rede
Globo no Parlatino, em São Paulo,
e que termina hoje.
Segundo ele, o sistema de educação de massas, da revolução industrial, "era uma forma de democratizar o acesso a um determinado conjunto de conhecimentos.
E funcionou muito bem."
"As escolas ficaram parecidas
com fábricas. A hora certa de começar e terminar as aulas, os conteúdos compartimentalizados, tudo simulava a projeção de futuro
da sociedade industrial", disse.
Só que "hoje, nos EUA, entre 10
milhões e 40 milhões de pessoas
trabalham em casa. Além disso, a
sociedade usa o conhecimento de
uma forma nova e sofisticada."
"Estamos indo de um sistema de
trabalho na fábrica ou no escritório, em horas determinadas, para
um em que se trabalha e aprende
em qualquer lugar e hora".
Para Toffler, além de não estar
levando isso em conta, as escolas
também não perceberam a quantidade de aprendizagem que está
acontecendo fora de seus muros.
Como exemplo citou a rapidez
com que os jovens aprendem a
usar computadores. "É um tipo de
ensino boca a boca, que tem que
ser incorporado pelas escolas".
O conferencista Richard Hendrick, da Escola de Educação da
Universidade Harvard, ressaltou
que a tecnologia na educação
-como a televisão- traz novas
formas de contar histórias -"a
maneira mais antiga de transmissão de conhecimento".
Gilberto Dimenstein, do Conselho Editorial da Folha, afirmou ser
falsa a idéia de que a tecnologia vai
tornar mais fácil a aprendizagem:
"Dá trabalho aprender." Mas defendeu a tecnologia como um dos
instrumentos da educação.
A primeira-dama, Ruth Cardoso, apresentou as linhas gerais dos
programas do Comunidade Solidária, que ela preside.
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