São Paulo, quarta, 15 de abril de 1998

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Alvin Toffler critica ensino contemporâneo

FERNANDO ROSSETTI
da Reportagem Local

As escolas estão trabalhando com uma projeção errada de futuro e isso prejudica toda a educação, defendeu ontem o cientista social e escritor Alvin Toffler.
"O futuro é a justificativa para a aprendizagem e para a educação. Portanto, quando você diz que um garoto precisa ir à escola, pressupõe-se que você saiba o que é necessário que ele aprenda. Mas não é isso que está acontecendo", afirmou o norte-americano.
"Somos um mundo em transformação, com um futuro em transformação. Só que a maioria das escolas está baseando seu trabalho na idéia de que o futuro será semelhante ao presente. É um erro."
Toffler falou no seminário "Como se muda um país através da educação", promovido pela Rede Globo no Parlatino, em São Paulo, e que termina hoje.
Segundo ele, o sistema de educação de massas, da revolução industrial, "era uma forma de democratizar o acesso a um determinado conjunto de conhecimentos. E funcionou muito bem."
"As escolas ficaram parecidas com fábricas. A hora certa de começar e terminar as aulas, os conteúdos compartimentalizados, tudo simulava a projeção de futuro da sociedade industrial", disse.
Só que "hoje, nos EUA, entre 10 milhões e 40 milhões de pessoas trabalham em casa. Além disso, a sociedade usa o conhecimento de uma forma nova e sofisticada."
"Estamos indo de um sistema de trabalho na fábrica ou no escritório, em horas determinadas, para um em que se trabalha e aprende em qualquer lugar e hora".
Para Toffler, além de não estar levando isso em conta, as escolas também não perceberam a quantidade de aprendizagem que está acontecendo fora de seus muros.
Como exemplo citou a rapidez com que os jovens aprendem a usar computadores. "É um tipo de ensino boca a boca, que tem que ser incorporado pelas escolas".
O conferencista Richard Hendrick, da Escola de Educação da Universidade Harvard, ressaltou que a tecnologia na educação -como a televisão- traz novas formas de contar histórias -"a maneira mais antiga de transmissão de conhecimento".
Gilberto Dimenstein, do Conselho Editorial da Folha, afirmou ser falsa a idéia de que a tecnologia vai tornar mais fácil a aprendizagem: "Dá trabalho aprender." Mas defendeu a tecnologia como um dos instrumentos da educação.
A primeira-dama, Ruth Cardoso, apresentou as linhas gerais dos programas do Comunidade Solidária, que ela preside.



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