FELIPE WERNECK
da Sucursal do Rio

Parentes de vítimas da chacina de Vigário Geral e organizações sociais ligadas à defesa dos direitos humanos iniciarão hoje uma vigília na porta do Fórum do Rio de Janeiro contra a impunidade.
Hoje, às 13h, no Segundo Tribunal do Júri, será dado início a mais uma etapa do julgamento dos 31 acusados de ter participado da chacina. Na matança, ocorrida em agosto de 1993, 21 moradores da favela de Vigário Geral (zona norte do Rio) foram assassinados.
O crime foi uma vingança. Na véspera, quatro PMs haviam sido mortos numa praça perto da favela supostamente por traficantes.
Dez ex-policiais serão julgados pelas 21 mortes e mais quatro tentativas de homicídio.
Das 33 testemunhas que irão participar do julgamento, 2 são sobreviventes da chacina: Jadir Inácio e Ubirajara Santos.
O diretor da organização internacional de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch no Brasil, James Cavallaro, e Laurette Von Mandach, representante da Anistia Internacional, estarão presentes no julgamento.
Condenações
No ano passado, dois ex-policiais já foram condenados pelo Segundo Tribunal do Júri por terem participado da chacina.
Paulo Roberto Alvarenga foi condenado a 449 anos e oito meses, e Arlindo Maginário foi condenado a 441 anos e quatro meses de prisão pelos 21 homicídios e pelas quatro tentativas.
O juiz será José Geraldo Antônio, e os promotores, Júlio César Lima dos Santos e Luciano Lessa. O julgamento está previsto para durar uma semana.
Serão julgados hoje Carlos Teixeira, Edimilson Campos Dias, Adilson de Jesus Rodrigues, Gil Azambuja dos Santos, Sérgio Cerqueira Borges, Demerval Luiz da Rocha, Gilson Nicolau de Araújo, Luiz Carlos Pereira Marques, Jamil José Sfair Neto e Marcos Vinícius de Barros Oliveira.
Dos 31 acusados, 28 eram policiais militares, e 3, civis. Todos foram excluídos da corporação. Os ex-policiais Luciano Francisco dos Santos e Leandro da Silva Costa foram mortos.
Iracilda Siqueira, viúva de Adalberto de Souza, um dos mortos na chacina, está confiante na condenação dos acusados. "Nós estamos com uma grande esperança na punição desses policiais."
A Associação dos Familiares e Vítimas da Chacina de Vigário Geral está promovendo o protesto de hoje junto com outras organizações, como Mães de Acari, Movimento Dê uma Chance à Paz, Casa da Paz e Movimento Pela Vida.
Glória Perez, mãe da atriz Daniella Perez, assassinada pelo ator Guilherme de Pádua, e a artista plástica Ivone Bezerra de Mello também devem participar do ato.
Sem-teto
O MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) do Rio programou, para amanhã, uma caminhada de apoio aos parentes das vítimas, que seguirá de Vigário Geral até a porta do fórum.
Outros 14 suspeitos de terem participado da chacina de Vigário Geral -acusados pelos policiais que estarão sendo julgados a partir de hoje- ainda não tiveram o julgamento marcado.



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