São Paulo, quarta, 15 de abril de 1998

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Defesa quer exumar corpo de Evandro

FERNANDO MENDONÇA
da Agência Folha, em Curitiba

O legista Badan Palhares, da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), poderá ser chamado para examinar os restos mortais do corpo identificado como sendo do menino Evandro Ramos Caetano, assassinado há seis anos em Guaratuba (litoral do Paraná).
A exigência foi cogitada pelos advogados de defesa de Celina Cordeiro Abagge, 59, e de sua filha, Beatriz Cordeiro Abagge, 34, acusadas de terem participado da morte de Evandro durante um suposto ritual macabro ocorrido em abril de 1992.
Os advogados acreditam que o corpo encontrado mutilado e sepultado é de outra criança.
O pedido da defesa foi feito depois do depoimento da dentista Beatriz França, do IML (Instituto Médico Legal) de Curitiba.
Ela foi interrogada durante três dias pelos advogados da acusação e da defesa.
Beatriz França -quarta testemunha a depor- afirmou não ter dúvidas de que o corpo enterrado em Guaratuba é de Evandro.
Para a dentista , todas as características da arcada dentária examinada no Instituto Médico Legal conferiram com a ficha odontológica do menino.
O promotor Celso Ribas disse acreditar que o pedido de exumação dos restos mortais de Evandro não passa de uma das técnicas dos advogados da defesa para confundir e implantar a dúvida entre o corpo de jurados.
Ribas afirmou também que os restos mortais, hoje identificados como sendo de Evandro, podem ter sido trocados ou retirados, nos últimos seis anos, para beneficiar os acusados.
Para ele, a exumação não é necessária porque o IML de Curitiba tem o fêmur de Evandro, e exames de DNA confirmaram que os restos são dele.
A convocação de Badan Palhares só deverá ocorrer se for acatada pela juíza Marcelise Weber Lorite e pelos jurados.
Os oito advogados de defesa não se definiram ainda se haverá necessidade de chamar o legista da Unicamp.
O julgamento de Celina e Beatriz Abagge está no 24º dia -começou no último dia 23 de março. Das 26 testemunhas arroladas no processo, apenas seis depuseram no Fórum de São José dos Pinhais (região metropolitana de Curitiba).
Além de mãe e filha, cinco homens são acusados pela morte de Evandro.
O julgamento dos demais acusados será iniciado somente quando Celina e Beatriz tiverem recebido o veredicto.
Se forem consideradas culpadas por quatro dos sete jurados, as duas poderão ser condenadas a até 51 anos de detenção.



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