|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Reitores apóiam sistema com ressalvas
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Recém-eleita presidente da Andifes (Associação Nacional dos
Dirigentes das Instituições Federais de Educação Superior), a reitora Ana Lúcia Gazzola, 53, apóia
a adoção de cotas sociais nas universidades públicas, como está
previsto na proposta do governo
federal. O apoio, porém, não é irrestrito entre seus pares. Para reitores de três das maiores universidades federais do país, é preciso
antes aumentar o número de vagas nas universidades federais.
Mesmo Gazzola faz restrições a
um item do projeto, o percentual
mínimo obrigatório de vagas.
"Preferia que o percentual não
fosse estabelecido, para que cada
instituição definisse a melhor forma", afirmou Gazzola, em entrevista por telefone à Folha. Eleita
por 36 votos para chapa única,
seis em branco e um nulo, Gazzola assume pela primeira vez um
cargo na diretoria da entidade, no
lugar da reitora Wrana Panizzi.
Segundo Gazzola, o percentual
de vagas para alunos negros e de
escolas públicas poderia ser definido pelas instituições para atender à demanda da região. A Universidade Federal de Minas Gerais, que dirige, optou por ampliar
vagas em cursos noturnos como
forma de inclusão social.
No caso de cotas para negros,
Gazzola disse preferir a autodeclaração ao sistema de fotos como
o instituído pela UnB (Universidade de Brasília). "Havia uma lógica no caso da UnB. Mas a concepção de raça no país é problemática, já que o Brasil é racista."
Reitores
Para os reitores das federais de
Mato Grosso, Pernambuco e Rio
Grande do Sul, as políticas de cotas são medidas parciais e apenas
paliativos para os problemas de
inclusão no ensino superior.
A reitora da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do
Sul) e ex-presidente da Andifes,
Wrana Panizzi, disse que as cotas
são importantes, mas não resolvem isoladamente. "Nós precisamos de políticas compensatórias,
pois temos uma dívida social
enorme. As políticas são importantes e necessárias, mas não podem ser entendidas de forma descolada de um grande projeto para
a educação. Sozinhas, elas serão
uma panacéia", afirmou Panizzi.
Para o reitor da UFMT (Universidade Federal de Mato Grosso),
Paulo Speller, 57, o caminho para
a solução da exclusão social passa
pela expansão das vagas nas universidades públicas e pela melhoria da educação básica.
"Apenas a criação das cotas é
uma forma muito parcial de se
atacar o problema. Nós queremos
criar mais vagas, e não retirar o
que já temos para as cotas", disse.
A UFMT já ampliou em 38% as
vagas no vestibular deste ano.
O reitor da UFPE (Universidade
Federal de Pernambuco), Amaro
Henrique Pessoa Lins, 50, considera que a política de cotas deve
ser definida e implementada com
autonomia pelas próprias universidades, dependendo das necessidades de cada região.
(DA AGÊNCIA FOLHA)
Texto Anterior: Educação: Cotas vão estimular corrida à escola pública Próximo Texto: Educação: Manutenção de aluno carente é problema Índice
|