São Paulo, sábado, 15 de maio de 2004

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Reitores apóiam sistema com ressalvas

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Recém-eleita presidente da Andifes (Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Educação Superior), a reitora Ana Lúcia Gazzola, 53, apóia a adoção de cotas sociais nas universidades públicas, como está previsto na proposta do governo federal. O apoio, porém, não é irrestrito entre seus pares. Para reitores de três das maiores universidades federais do país, é preciso antes aumentar o número de vagas nas universidades federais.
Mesmo Gazzola faz restrições a um item do projeto, o percentual mínimo obrigatório de vagas. "Preferia que o percentual não fosse estabelecido, para que cada instituição definisse a melhor forma", afirmou Gazzola, em entrevista por telefone à Folha. Eleita por 36 votos para chapa única, seis em branco e um nulo, Gazzola assume pela primeira vez um cargo na diretoria da entidade, no lugar da reitora Wrana Panizzi.
Segundo Gazzola, o percentual de vagas para alunos negros e de escolas públicas poderia ser definido pelas instituições para atender à demanda da região. A Universidade Federal de Minas Gerais, que dirige, optou por ampliar vagas em cursos noturnos como forma de inclusão social.
No caso de cotas para negros, Gazzola disse preferir a autodeclaração ao sistema de fotos como o instituído pela UnB (Universidade de Brasília). "Havia uma lógica no caso da UnB. Mas a concepção de raça no país é problemática, já que o Brasil é racista."

Reitores
Para os reitores das federais de Mato Grosso, Pernambuco e Rio Grande do Sul, as políticas de cotas são medidas parciais e apenas paliativos para os problemas de inclusão no ensino superior.
A reitora da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) e ex-presidente da Andifes, Wrana Panizzi, disse que as cotas são importantes, mas não resolvem isoladamente. "Nós precisamos de políticas compensatórias, pois temos uma dívida social enorme. As políticas são importantes e necessárias, mas não podem ser entendidas de forma descolada de um grande projeto para a educação. Sozinhas, elas serão uma panacéia", afirmou Panizzi.
Para o reitor da UFMT (Universidade Federal de Mato Grosso), Paulo Speller, 57, o caminho para a solução da exclusão social passa pela expansão das vagas nas universidades públicas e pela melhoria da educação básica.
"Apenas a criação das cotas é uma forma muito parcial de se atacar o problema. Nós queremos criar mais vagas, e não retirar o que já temos para as cotas", disse. A UFMT já ampliou em 38% as vagas no vestibular deste ano.
O reitor da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco), Amaro Henrique Pessoa Lins, 50, considera que a política de cotas deve ser definida e implementada com autonomia pelas próprias universidades, dependendo das necessidades de cada região.
(DA AGÊNCIA FOLHA)


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