São Paulo, terça-feira, 15 de junho de 2004

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27% não seguem o tratamento de Aids

AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Dos 140 mil pacientes com Aids que recebem o coquetel de medicamentos, 73% estão utilizando o remédio corretamente. Ou seja, nos três dias que antecederam à pesquisa, eles tomaram pelo menos 95% dos comprimidos que fazem parte do tratamento.
Os dados se equivalem aos de países do Primeiro Mundo, mas "não quer dizer que sejam os ideais", diz Maria Ines Battistella Nemes, pesquisadora do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da USP, órgão que executou o estudo. Os 27% que não seguem o tratamento (37.800) podem gerar vírus mais resistentes, que poderão infectar outras pessoas com maior poder de agressividade.
Alexandre Grangeiro, do Programa Nacional de DST/Aids (órgão do ministério que patrocinou a pesquisa), disse que o "Brasil não corre maior risco de retomada da epidemia que qualquer outro país desenvolvido". "Quando o Brasil passou a oferecer medicamento para todos, a grande crítica que se fazia é que a não-adesão levaria ao surgimento de um supervírus. Estamos provando o contrário no momento em que o mundo discute o acesso aos medicamentos por grandes populações. Mesmo aqueles que não aderem ao tratamento estão se prevenindo, o que resulta numa taxa baixa de vírus resistente."
Para ele, o problema é que, ao não tomar o remédio, o paciente tem menor sobrevida, está mais sujeito a infecções oportunistas e usa mais os serviços de saúde.
Os pesquisadores entrevistaram 1.972 pacientes sorteados em 322 serviços de saúde de sete Estados (CE, MA, MS, PA, RJ, RS e SP).


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