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Juiz proíbe menores em parada gay no interior de SP
Presença será permitida com o acompanhamento dos pais
JOSÉ EDUARDO RONDON
DA AGÊNCIA FOLHA
Uma decisão da Justiça do
Estado, em São José do Rio
Preto (440 km de São Paulo),
proibiu que menores de 18
anos, desacompanhados de
seus pais ou de algum responsável legal, participem da Parada Gay da cidade.
Organizadores do evento,
marcado para 29 de julho em
uma das avenidas do município, classificaram a medida como "preconceituosa" e disseram que vão recorrer.
O juiz da Vara da Infância e
da Juventude, Osni Pereira,
também autor da decisão, negou preconceito em seu ato.
"A decisão é puramente técnica. Não tenho nenhum tipo
de preconceito. A previsão é
que haja cerca de 40 mil pessoas. Em todo local que exista
multidão, o juiz da Infância e da
Juventude tem de dar um alvará com muita reserva. Crianças
e adolescentes devem estar
acompanhados por seus responsáveis, para a própria segurança delas.", explica.
Pereira recorreu ao ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) para justificar sua decisão. "O estatuto prega que o
adolescente deve freqüentar
ambientes sadios para sua moral e bons costumes. Eu não vejo o que ele [adolescente] pode
aprender de bom participando
de uma parada gay", completa.
Segundo o juiz, "excessos"
que podem ocorrer durante o
evento são prejudiciais à formação dos adolescentes. "Excessos praticados pela minoria
dos participantes, como beijo
na boca e abraços, atentam
contra a moral pública e são
prejudiciais às crianças e aos
adolescentes que estão em formação e não têm a personalidade completamente desenvolvida", alega o juiz.
Caso crianças ou adolescentes sejam encontrados sem os
pais ou responsáveis legais na
parada, Pereira disse que eles
serão encaminhados - por
meio do Conselho Tutelar ou
até mesmo pela Polícia Militar- à família.
Críticas
A advogada do Centro de Referência em Direitos Humanos
GLBT (Gays, Lésbicas, Bissexuais e Transgêneros) de São
José do Rio Preto, Flávia Longhi, apontou preconceito na
decisão do juiz Osni Pereira e
disse que entrará com um mandado de segurança contra a medida. "É uma violação do direito
à liberdade de expressão", diz.
Fábio Takahashi, integrante
da comissão organizadora da
parada gay da cidade, disse que
"todos perdem" com esse tipo
de decisão. "A sociedade perde.
Retira-se o direito de ir e vir das
pessoas, o direito de manifestação pública."
No ano passado, de acordo
com os cálculos da organização
do evento, a Parada Gay de São
José do Rio Preto reuniu cerca
de 30 mil pessoas.
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