São Paulo, quarta-feira, 15 de agosto de 2001

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VIOLÊNCIA

Tiroteio em banco no Guarujá deixa um ladrão morto e uma policial ferida; casa de político foi usada como refúgio

Ex-prefeito é preso após tentativa de assalto

FAUSTO SIQUEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SANTOS

Depois de uma tentativa de assalto a uma agência bancária do Banespa, realizada durante a manhã por um grupo de pelo menos dez homens, o ex-prefeito do Guarujá Ruy Gonzalez (1993-1996) foi preso na noite de ontem, acusado de co-autoria nos crimes de roubo, sequestro, cárcere privado e formação de quadrilha.
O delegado titular do Guarujá (litoral sul de São Paulo), Milson Sérgio Calves, afirmou que o ex-prefeito teve participação na tentativa de assalto ao emprestar sua casa ontem e dias antes da operação para abrigar os integrantes da quadrilha. Autuado em flagrante no início da noite, Gonzalez seria encaminhado para a Cadeia Pública da Vila Mirim, da Polícia Civil, em Praia Grande.
O ex-prefeito nega participação no crime e afirma que sua casa foi invadida pelos assaltantes quando eles fugiam da polícia. Mas, segundo o delegado Calves, a mulher do gerente do banco, que fora sequestrada, disse ter ouvido dos integrantes da quadrilha referências à casa do ex-prefeito no cativeiro para onde foi levada.
A tentativa de assalto à agência do Banespa no centro do Guarujá provocou caos no trânsito e pânico entre clientes. No tiroteio, um assaltante foi morto e uma policial feminina ficou ferida. Oito homens foram presos.
A operação se iniciou no final da tarde do dia anterior. Por volta das 18h, um grupo sequestrou o gerente Lúcio César Soares Pires na garagem da agência bancária, na avenida Leomil.
Ele foi levado para uma casa no bairro da Enseada (região da orla), que serviu de cativeiro. Depois disso, parte do grupo foi à casa do bancário, no bairro Santa Rosa, buscar a mulher dele.
Ambos passaram a noite e a madrugada no local. Pela manhã, três homens ficaram na casa com a mulher, enquanto outros seis acompanharam o gerente à agência para realizar o assalto.
Funcionários estranharam a situação, mas o gerente pediu discrição, com receio de que a vida de sua mulher, mantida no cativeiro, fosse colocada em risco. Além do que havia nos cofres da agência, os assaltantes pretendiam levar também o dinheiro de um carro-forte, que tinha previsão de chegar pela manhã.

Tiroteio
Mas às 9h20 a Polícia Militar foi acionada. Uma equipe foi até a agência, e se iniciou uma troca de tiros de cerca de dez minutos -os assaltantes disparavam do interior da agência e os policiais, do lado de fora. Nenhum dos clientes se feriu, mas uma policial feminina foi hospitalizada após receber três tiros no peito.
O confronto resultou na prisão de três assaltantes. Uma parte do grupo, no entanto, conseguiu escapar ao render o motorista de um carro da PM e fugir com o veículo, que foi encontrado uma hora mais tarde nas proximidades do edifício Sobre-as-Ondas, na praia de Pitangueiras.
Os fugitivos foram localizados por policiais civis e militares, que receberam a informação de que o grupo havia se refugiado no bairro do Guaiúba (região da orla), na casa do ex-prefeito Gonzalez.
Depois de os policiais montarem um cerco à casa, uma equipe do GOE (Grupo de Operações Especiais) da Polícia Civil invadiu o local. Houve correria e troca de tiros. Um dos assaltantes foi baleado e morreu. Outros oito foram presos e dois fugiram.

Invasão
Ruy Gonzalez, que estava em casa com a família no momento do cerco policial, disse que aconteceu uma invasão, depois de o genro dele ter sido imobilizado no portão de entrada.
Segundo o ex-prefeito, foi a terceira vez que ladrões entraram em sua casa. Os policiais apuram agora a procedência de dólares, armamento, munição, coletes e distintivos da polícia apreendidos no interior da casa de Gonzalez.



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