São Paulo, quarta-feira, 15 de agosto de 2001

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Polícia Civil do Rio diz que, agora, traficante faz ações "nômades"

MAURÍCIO THUSWOHL
FREE-LANCE PARA A FOLHA

O chefe da Polícia Civil do Rio, Álvaro Lins, identificou ontem um novo personagem no cenário de violência do Estado: o traficante nômade, que muda de lugar quando chega a polícia.
Ao comentar as imagens veiculadas segunda-feira pelo "Jornal Nacional", da TV Globo, que mostravam a venda de drogas à luz do dia em duas favelas do Rio, Lins disse que os traficantes vêm mudando sua forma de agir nos últimos meses. "Com o aumento das incursões da polícia, o tráfico tem evitado manter pontos fixos de venda de drogas e passa a fazer uma ação nômade na favela, apostando na venda no varejo."
Para Lins, a polícia terá que ser nômade também, para adaptar-se ao estilo dos bandidos.
Na noite de anteontem, após o telejornal, o secretário de Segurança, Josias Quintal, ordenou a ocupação policial dos morros da Mangueira (zona norte) e da Rocinha (zona sul). Nenhum dos traficantes filmados foi preso. O mesmo ocorreu semana passada, na favela da Grota (complexo do Alemão), onde também foram feitas imagens de drogas sendo vendidas livremente.
Quintal afirma não estar preocupado. "Eu dei 15 dias aos chefes das polícias para que fossem realizadas investigações e efetuadas prisões. O prazo não acabou."
Ele declarou ainda que gostaria de ver imagens mostrando o consumo de drogas "nos tapetes e nos bons ambientes das elites".
No artigo "Um desastre na segurança pública", publicado ontem na coluna "Tendências/Debates", da Folha, o prefeito do Rio, Cesar Maia, disse que as imagens de venda livre de drogas divulgadas eram consequência da política do Estado. Para Quintal, Maia prestou um "desserviço". "Ele sabe que nenhum governo estadual foi tão efetivo quanto esse em termos de segurança."
Na tarde de ontem, a polícia do Rio impediu a realização de uma partida de futebol entre supostos traficantes no bairro de Capivari, na Baixada Fluminense. Uma das equipes era chamada de Comando Vermelho Futebol Clube, maior facção criminosa do Rio, e usava uniforme vermelho.
Por meio de denúncia anônima, policiais invadiram a casa e prenderam seis integrantes, que seriam do morro da Providência, no centro. Eles portavam quatro fuzis, seis quilos de cocaína e várias trouxinhas de maconha.


Colaborou a Sucursal do Rio



Texto Anterior: Violência: Ex-prefeito é preso após tentativa de assalto
Próximo Texto: Aumento de crimes vetará repasse de verba da segurança para Estados
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.