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Polícia Civil do Rio diz que, agora, traficante faz ações "nômades"
MAURÍCIO THUSWOHL
FREE-LANCE PARA A FOLHA
O chefe da Polícia Civil do Rio,
Álvaro Lins, identificou ontem
um novo personagem no cenário
de violência do Estado: o traficante nômade, que muda de lugar
quando chega a polícia.
Ao comentar as imagens veiculadas segunda-feira pelo "Jornal
Nacional", da TV Globo, que
mostravam a venda de drogas à
luz do dia em duas favelas do Rio,
Lins disse que os traficantes vêm
mudando sua forma de agir nos
últimos meses. "Com o aumento
das incursões da polícia, o tráfico
tem evitado manter pontos fixos
de venda de drogas e passa a fazer
uma ação nômade na favela,
apostando na venda no varejo."
Para Lins, a polícia terá que ser
nômade também, para adaptar-se
ao estilo dos bandidos.
Na noite de anteontem, após o
telejornal, o secretário de Segurança, Josias Quintal, ordenou a
ocupação policial dos morros da
Mangueira (zona norte) e da Rocinha (zona sul). Nenhum dos
traficantes filmados foi preso. O
mesmo ocorreu semana passada,
na favela da Grota (complexo do
Alemão), onde também foram
feitas imagens de drogas sendo
vendidas livremente.
Quintal afirma não estar preocupado. "Eu dei 15 dias aos chefes
das polícias para que fossem realizadas investigações e efetuadas
prisões. O prazo não acabou."
Ele declarou ainda que gostaria
de ver imagens mostrando o consumo de drogas "nos tapetes e nos
bons ambientes das elites".
No artigo "Um desastre na segurança pública", publicado ontem na coluna "Tendências/Debates", da Folha, o prefeito do
Rio, Cesar Maia, disse que as imagens de venda livre de drogas divulgadas eram consequência da
política do Estado. Para Quintal,
Maia prestou um "desserviço".
"Ele sabe que nenhum governo
estadual foi tão efetivo quanto esse em termos de segurança."
Na tarde de ontem, a polícia do
Rio impediu a realização de uma
partida de futebol entre supostos
traficantes no bairro de Capivari,
na Baixada Fluminense. Uma das
equipes era chamada de Comando Vermelho Futebol Clube,
maior facção criminosa do Rio, e
usava uniforme vermelho.
Por meio de denúncia anônima,
policiais invadiram a casa e prenderam seis integrantes, que seriam do morro da Providência, no
centro. Eles portavam quatro fuzis, seis quilos de cocaína e várias
trouxinhas de maconha.
Colaborou a Sucursal do Rio
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