ANDRÉ LOZANO
da Reportagem Local

A localização e o desemprego são os principais fatores apontados por profissionais ligados à Justiça e por moradores de Diadema (Grande SP) para o elevado índice de violência da cidade.
Para o promotor de Justiça de Diadema Carlos Cesar de Faria Bernardi, "é um complicador" o fato de Diadema estar localizada entre as periferias de São Paulo e de São Bernardo do Campo.
"Muitos criminosos que moram em bairros da zona sul de São Paulo ou em localidades periféricas de São Bernardo cometem crimes em Diadema e depois retornam para seus locais de moradia, como forma de dificultar a ação da polícia", disse Bernardi.
"A proximidade com a periferia faz Diadema receber muitas pessoas que não conseguiram se manter em São Paulo. Essas pessoas acabam aumentando as favelas da cidade", afirmou a juíza Claudia Maria Carbonari de Faria, titular das Varas do Júri, das Execuções Criminais e da Infância e Juventude de Diadema.
Segundo ela, o tráfico de drogas é o principal motivo causador dos homicídios na cidade. "A maioria dos assassinatos acontece por "queima de arquivo" ou por cobrança de dívida de droga."
Claudia disse que as dívidas que deixam de ser pagas e cuja cobrança resulta em uma morte, geralmente, não ultrapassam R$ 20.
Para ela, outro fator que contribui para a violência em Diadema é o alto índice de impunidade dos homicídios em razão da dificuldade de chegar ao assassino.
"Nos bairros onde ocorre a maioria desses crimes impera a lei do silêncio. É muito difícil conseguirmos o testemunho de pessoas que viram ou que têm informações sobre o crime. Algumas vezes as testemunhas só vão prestar depoimento de forma coercitiva."
A juíza disse que em cerca de 90% dos homicídios o autor não é identificado. "Sem o acusado, não há processo." Segundo ela, estão em andamento hoje na cidade 1.400 inquéritos policiais, dos quais apenas 10% deverão ter um suspeito identificado.
Ela e o promotor Carlos Bernardi dizem que é "fundamental" para diminuir os casos de assassinatos em Diadema a criação de uma divisão de homicídios e a implantação do programa de proteção a testemunhas na cidade.
De acordo com Bernardi, o fato de Diadema estar localizada em um "corredor" de tráfico de drogas e de armas -entre São Paulo e o porto de Santos- faz aumentar a criminalidade na região.

Desemprego
Para L.S., 15, moradora da favela Naval -onde foram feitas as imagens da blitz de PMs que resultou na morte de um cidadão, em março de 97-, o desemprego é a principal causa da violência.
O mesmo diz o ajudante Edmilson José de Souza, 32. "Acordar e ver o filho chorando porque está com fome faz qualquer um perder a cabeça."


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