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Cartazes e fotos lembram vítimas
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Aplaudidos pelo público, familiares e amigos de vítimas da violência no Rio de Janeiro vestiram
camisetas com as fotos de seus parentes mortos para participar da
manifestação pelo desarmamento
e contra a violência.
Um dos primeiros grupos a desfilar pela orla de Copacabana representava o comerciante sino-brasileiro Chan Kim Chang, que
morreu de traumatismo craniano
no último dia 4, uma semana depois de, segundo as próprias autoridades do Estado, ter sido espancado no presídio estadual Ary
Franco. Parentes e amigos de
Chang levaram cartazes em chinês e em português pedindo o fim
da impunidade e da tortura.
"Precisamos dizer não à violência, seja ela por tiros ou por tortura. Esta passeata expõe a vontade
do povo de opinar", disse Durvalina, tia do comerciante.
Os pais de Gabriela Prado Maia
Ribeiro, que morreu em 25 de
março deste ano ao ser baleada
quando entrava na estação do
metrô na Tijuca (zona norte), colhiam adesões a um abaixo-assinado a ser encaminhado ao Congresso pedindo mudanças nas leis
penais. Eles afirmaram já ter mais
de 400 mil assinaturas.
"A hora é essa, a sociedade tem
que se mobilizar. Tenho esperança de que esta manifestação influencie na votação de terça-feira
no Congresso", disse o pai de Gabriela, Carlos Santana.
Camila Magalhães, 17, que ficou
tetraplégica depois de ser atingida
por uma bala perdida em Vila Isabel (zona norte), em 1998, participou da manifestação em uma cadeira de rodas.
Percussionistas do grupo AfroReggae lembraram os dez anos do
assassinato de 21 pessoas em uma
chacina cometida por policiais
militares na favela Vigário Geral.
O grupo, que tem como objetivo a
profissionalização de jovens carentes, foi formado na favela depois da tragédia.
"O desarmamento é um ideal
que a gente defende há muito
tempo. A gente está fazendo a
nossa parte, que é botar a cara, lutar pelo que acredita", disse o
coordenador de percussão do
grupo, Altair Martins.
Ala da polícia
Um grupo formado por 60 policiais militares do Gpae (Grupamento de Policiamento em Áreas
Especiais) participou da manifestação exibindo bandeiras brancas
com inscrições contra a violência
e pelo desarmamento.
"Quando o cidadão comum
compra armas, ele aumenta o índice de acidentes dentro de casa
com crianças, possibilita que brigas bobas gerem troca de tiros.
Além disso, aumenta a chance de
essas armas serem desviadas para
o tráfico, se foram furtadas ou
roubadas. Estamos aqui porque
também somos vítimas da violência", disse o comandante do
Gpae, Ubiratan Ângelo.
(TF)
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