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São Paulo, segunda-feira, 15 de setembro de 2003

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Cartazes e fotos lembram vítimas

FREE-LANCE PARA A FOLHA

Aplaudidos pelo público, familiares e amigos de vítimas da violência no Rio de Janeiro vestiram camisetas com as fotos de seus parentes mortos para participar da manifestação pelo desarmamento e contra a violência.
Um dos primeiros grupos a desfilar pela orla de Copacabana representava o comerciante sino-brasileiro Chan Kim Chang, que morreu de traumatismo craniano no último dia 4, uma semana depois de, segundo as próprias autoridades do Estado, ter sido espancado no presídio estadual Ary Franco. Parentes e amigos de Chang levaram cartazes em chinês e em português pedindo o fim da impunidade e da tortura.
"Precisamos dizer não à violência, seja ela por tiros ou por tortura. Esta passeata expõe a vontade do povo de opinar", disse Durvalina, tia do comerciante.
Os pais de Gabriela Prado Maia Ribeiro, que morreu em 25 de março deste ano ao ser baleada quando entrava na estação do metrô na Tijuca (zona norte), colhiam adesões a um abaixo-assinado a ser encaminhado ao Congresso pedindo mudanças nas leis penais. Eles afirmaram já ter mais de 400 mil assinaturas.
"A hora é essa, a sociedade tem que se mobilizar. Tenho esperança de que esta manifestação influencie na votação de terça-feira no Congresso", disse o pai de Gabriela, Carlos Santana.
Camila Magalhães, 17, que ficou tetraplégica depois de ser atingida por uma bala perdida em Vila Isabel (zona norte), em 1998, participou da manifestação em uma cadeira de rodas.
Percussionistas do grupo AfroReggae lembraram os dez anos do assassinato de 21 pessoas em uma chacina cometida por policiais militares na favela Vigário Geral. O grupo, que tem como objetivo a profissionalização de jovens carentes, foi formado na favela depois da tragédia.
"O desarmamento é um ideal que a gente defende há muito tempo. A gente está fazendo a nossa parte, que é botar a cara, lutar pelo que acredita", disse o coordenador de percussão do grupo, Altair Martins.

Ala da polícia
Um grupo formado por 60 policiais militares do Gpae (Grupamento de Policiamento em Áreas Especiais) participou da manifestação exibindo bandeiras brancas com inscrições contra a violência e pelo desarmamento.
"Quando o cidadão comum compra armas, ele aumenta o índice de acidentes dentro de casa com crianças, possibilita que brigas bobas gerem troca de tiros. Além disso, aumenta a chance de essas armas serem desviadas para o tráfico, se foram furtadas ou roubadas. Estamos aqui porque também somos vítimas da violência", disse o comandante do Gpae, Ubiratan Ângelo. (TF)


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