São Paulo, terça-feira, 15 de setembro de 2009

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Alunos dizem ter ficado nus em revista policial

Ministério Público de Minas investiga denúncia sobre ação em busca de dinheiro sumido em escola estadual

BRENO COSTA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

O Ministério Público investiga denúncia de que policiais militares obrigaram 35 alunos e alunas de uma escola estadual de Minas a ficar nus durante revista em busca de R$ 19 que haviam sumido em sala de aula.
O incidente ocorreu no dia 27 de agosto, numa turma do nono ano da Escola Estadual São Gabriel, em Cássia, cidade de 19 mil habitantes a 540 km de BH.
Segundo relato informal feito por uma aluna ao promotor Paulo Márcio da Silva, e confirmado à Folha pela diretora da escola, uma professora havia recolhido R$ 0,50 de cada aluno para montar uma apostila de língua portuguesa. No entanto, a estudante responsável pela guarda do dinheiro notou que os R$ 19 haviam sumido.
De comum acordo entre a turma, segundo a direção do colégio, a polícia foi chamada. Três PMs, sendo uma mulher, foram à escola. Os adolescentes foram revistados, um a um, nos banheiros da escola -os meninos separados das meninas.
Segundo a denúncia levada à Promotoria, os alunos -na maioria, entre 15 e 16 anos- tiveram que ficar completamente nus. A diretora Élida Brusiquese, no entanto, diz que as meninas ficaram de calcinha e sutiã, e os garotos, de cueca. O dinheiro não foi encontrado.
Élida diz ter questionado se o procedimento dos policiais estava amparado pela lei. Segundo ela, a resposta foi positiva.
O promotor determinou a instauração de inquérito pela Polícia Civil para apurar se houve constrangimento ilegal. A polícia deve ouvir, nesta semana, todos os alunos, acompanhados dos responsáveis. Também será aberto procedimento administrativo pela PM.
"Eles não tinham suspeita específica. A lei admite revista em situações excepcionais, quando se tem indícios fundamentados sobre determinada pessoa. Se de fato aconteceu o que nos foi relatado, foi uma medida absurda", disse Silva.
O 12º Batalhão de PM de Minas confirmou que instaurou sindicância interna na quinta-feira, mas informou que nenhum policial será afastado durante os 30 dias de apuração.
A reportagem tentou contato com o delegado responsável pelo caso, mas foi informada de que ele estava viajando.
Caso semelhante ocorreu em março em Goiânia.


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